domingo, 19 de setembro de 2010

Num Dia Te Pedem Crack, No Outro Te Sugerem Jesus

Saudações.

O título da postagem não tem qualquer intenção de gerar polêmica, apenas me pareceu como apropriado ao que brevemente mencionarei neste tópico. Não é um artigo, uma especulação, uma dissertação, nada disso. Somente a exposição de fatos que aconteceram comigo nos últimos dias. Então, desfrutemos desse "momento querido diário" haha...

Bem, dia 7 de setembro, terça-feira (feriado nacional, OK?), estava eu voltando para casa. Andando pela Lapa, vem até mim um sujeito forte, careca, dirigindo-se com educação etc e tal. Era uma figura ligeiramente sinistra, sobretudo se levarmos em consideração que a rua estava deserta.

Continuando. O sujeito vem até mim e eu ajo com absoluta naturalidade, cumprimentando-o (cheguei a pensar que poderia acontecer algo indesejável, mas - não pergunte-me como - mantive total serenidade). Não lembro exatamente o que eu estava vestindo, mas acho que era uma calça jeans, camisa de manga comprida e mochila nas costas. De resto, a barba largadona e essa cara que Deus me deu. Continuando (desculpe, a idéia de detalhar não é fugir do assunto, mas tentar contextualizar). Onde estava? Ah sim, na Lapa, continuando. Eis que vem o diálogo.

Sujeito: opa, tudo tranqüilo?
Eu: tudo na paz...
Sujeito: cara, desculpa te abordar assim, mas é que tô precisando de uma ajuda...
Eu: cara, tô só com o da passagem aqui...
[mochila nas costas, tava ciente que poderia dar algum caô, mas segui sereno]
Sujeito: não, cara. Não quero dinheiro, não.
Eu: então diz aí.
Sujeito: é o seguinte, vou pegar a estrada agora pra Volta Redonda. Mas, sabe como é que é [na verdade, não sei], tô precisando de umazinha... Tu sabe onde arrumo um crack?
[algo me dizia que o cara achava que eu carregava várias pedras na mochila]
Eu: cara, num sei não... de repente tu consegue ali atrás.
Sujeito: tem nada, tô vindo de lá...
Eu: num sei mesmo então... o que posso te desejar é que faça uma boa viagem e vá com Deus
[não disse exatamente isso, mas foi algo por aí]
Sujeito: valeu, desculpe qualquer coisa.
Eu: vai na paz.

Passam-se cerca de duas semanas até o dia de hoje. E, praticamente no mesmo local geográfico, por volta das 15:40h desse 19 de setembro, vem outro sujeito na minha direção. Tcharam!

Esse era de pele preta, falando um português relativamente distante da norma culta (desculpe a ponderação, é que fiz uma redação em concurso na parte da manhã e aí algumas coisas banais acabam chamando atenção). Acho que, numa fração de segundo, minha mente me transportou para o feriado da Independência, quando fui abordado pelo careca branco. Dessa vez, o assunto era outro.

O camarada segurava alguns livretinhos e uns papéizinhos retangulares e veio me falar sobre Jesus Cristo. Antes de falar a respeito do Mestre dos Mestres, o sujeito cumprimentou-me e pediu desculpas por qualquer incômodo, forçando ainda mais a lembrança do episódio supracitado. Dessa vez, nem cheguei a falar o "tô só com o da passagem". Deixei ele dizer. Bastou eu perguntar onde fica a Igreja "dele", que ele logou chamou um camarada que estava a poucos metros, dizendo: "ei, vem cá, o irmão aqui tá interessado!". E lá foi papo... Bem, não cheguei a prometer uma visita à instituição religiosa - até porque não tenho muita identificação com a Igreja Evangélica - mas foi agradabilíssimo falar de Jesus onde, dias atrás, vieram me pedir como usufruir do consumo de entorpecentes. Algo, no mínimo, curioso.

Uma pergunta que me faço é: será que tô com cara de drogado? Primeiro, o careca branco vem me pedir crack. Depois, "me apresentam" Jesus. Estava vestindo calça jeans, moleton e carregando a mesma mochila. Sem pedras, garanto.

Ah! O título do livretinho é "Perdão, Certeza E Paz". E o do folhetinho retangular (o qual li quando estava no ônibus) é "A boa semente da palavra de Deus quer encontrar uma terra boa no seu coração". Assim seja.

Abraços.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um Novo Caminho

Um Novo Caminho foi um dos filmes que estiveram no Festival de Cinema Francês, realizado em junho desse ano (veja esta e também esta postagem). Não rolou de assistí-lo na ocasião do festival, mas a sinopse e o visual do trêiler me convidaram a não desistir da empreitada e, ontem, tive a grata oportunidade de ver essa obra de Philippe Godeau.

Usando poucas palavras, cravo aqui que trata-se de um filmaço. A atuação de François Cluzet dispensa adjetivos e o filme flui no ritmo certo para passar a mensagem. E que mensagem! Deveriam disponibilizar uma cópia de Um Novo Caminho em cada bar desse planeta.

Um Novo Caminho

Direção: Philippe Godeau

Com: François Cluzet, Mélanie Thierry, Michel Vuillermoz

Título original: Le dernier pour la route

Drama - 1h47 - 2009
(Faixa etária 14 anos)

Hervé, dono de um agência de notícias, decide se livrar da dependência ao álcool. Longe de tudo e graças aos outros, consegue lutar e começar uma nova vida...

"Um filme profundamente humano (…) François Cluzet, sombrio, misterioso, tenso, irônico, deixa aflorar uma sensibilidade, uma dor, uma humildade comoventes" – Le Figaroscope.

Nosso Lar

O filme baseia-se na obra de Chico Xavier e homenageia, dignamente, o centenário de nascimento desse médium que dedicou toda a sua experiência humana em serviço do próximo. "Nosso Lar" é um dos 16 títulos desenvolvidos na parceria Chico-André Luiz e, obviamente, está vinculado à doutrina espírita. Seja você espírita, católico, budista, evangélico, Hare-Krishna, islâmico, candomblecista, ateísta ou o que quer que seja, recomendo que assista esta produção brasileira em cartaz nos cinemas desde sexta-feira.

Não é por uma questão de concordar ou discordar daquilo que é exposto, mas por se tratar de algo absolutamente plausível de ser observado. Imersos em tanta futilidade veiculada pela grande mídia, uma obra como "Nosso Lar" surge como um oásis no deserto e o fato de colocar em discussão valores espiritualistas (não necessariamente religiosos) já é algo louvável.

Para saber mais a respeito do filme, recomendo que acesse esta página. Mas o importante mesmo é que você não desencarne antes de assistí-lo. Parabéns ao diretor e roteirista Wagner de Assis e a todos os que participaram. Chico e André, onde quer que agora estejam, certamente sorriem.