domingo, 5 de julho de 2015

Pela Proibição Total Dos Testes Em Animais - Alterar O PLC 70/14

O Brasil está com a oportunidade de abolir o uso de animais em testes para cosméticos. Medida que outros países pelo mundo já adotaram e que reflete o (re)conhecimento de que os animais (incluindo os humanos e também outras espécies) possuem direitos intrínsecos em suas existências.

Encontra-se nas mãos do senador Cristóvam Buarque o PLC 70/14 (antigo PL 6602/13) e cabe a nós solicitarmos a ele - que é o relator do projeto - que não seja dada nenhuma possibilidade de uso de animais. A proibição de uso de animais para testes cosméticos deve ser integral e imediata!

Qualquer brecha que permita o uso de animais seria um retrocesso que caminharia na contramão dos avanços internacionais na matéria, como por exemplo o da União Européia. Portanto, o momento é esse, a causa é essa e recomenda-se que seja feito um contato com o senador nesse sentido.

Dica: enviar uma mensagem respeitosa para o senador Cristóvam Buarque, onde no corpo do texto transmitamos nossa confiança numa ação sensata por parte dele e indiquemos o nosso pleito, apontando que não há razões para não avançarmos em direção à proibição total de uso de animais.

Importante: a proposta precisa receber alteração porque, do jeito que se encontra atualmente, admite o uso de animais em situações excepcionais. Devemos exigir a proibição em sua integralidade e imediatamente, sem concessões.

Abaixo, a mensagem que enviei hoje para ele, via endereço eletrônico "cristovam.buarque@senador.leg.br". Lembrando que ele também é usuário assíduo no Tuíter, ou seja, não é difícil estabelecer comunicação.
Saiba mais: "Proposta sobre testes em animais que tramita no Senado precisa ser alterada e você pode ajudar".

sábado, 4 de julho de 2015

Vitória Para Recordar (Ou: Algo Além De Um Jogo De Xadrez)

Essa semana joguei uma partida de xadrez que lembrarei com carinho. O jogo começou no dia 1º de julho e interrompemos após 52 minutos, registrando os posicionamentos e anotando a próxima jogada - precisávamos retornar aos nossos postos de trabalho naquele horário de almoço de quarta-feira.
Momento da interrupção do jogo, após 52 minutos. Brancas atacando intensamente. Foto: Paulo Sérgio.

Demos continuidade na sexta-feira, 03.07.2015, sendo a minha intenção sobreviver ao ataque adversário. Essa sobrevivência, pensava eu, passava por causar-lhe alguma ameaça ao mesmo tempo em que realizava a defesa. Mas como reverter o cenário?

Dizem que "o tempo é o senhor da razão", ditado reforçado por aquele que diz: "nada como um dia após o outro". No tabuleiro, nada como um movimento após o outro. Aos poucos - bem aos poucos mesmo -  fui conseguindo equilibrar a partida. Até o momento em que passei a me ver em vantagem.

Eis um dos motivos por lembrar com carinho dessa partida: foi um jogo onde primeiro busquei a sobrevivência, e sobreviver àquele poderoso ataque oponente foi uma espécie de vitória. Depois, veio a vitória de direito, com a desistência do adversário. Contabilizei 179 minutos na soma dos dois dias, duração que representa um recorde em todos os jogos registrados naquela instituição

O fato de ser um torneio talvez seja até o de menos, embora essa competitividade de uma certa maneira estimule a concentração e a criatividade, tudo reforçado pela presença de diversos colegas assistindo os acontecimentos. Se há uma lição nisso tudo? Bem, devem haver várias. Uma delas, seguramente, seria: "nada como um dia (ou movimento) após o outro".
Momento em que as brancas desistem: xeque ao rei e iminente captura do bispo. Quase 3 horas de partida.

Algumas lembranças do jogo

(1) Adversário vinha de uma derrota para um jogador o qual eu tinha vencido duas vezes.
(2) Na condição de atual campeão enfrentando alguém que não jogava há anos, me colocaram como favorito na partida. Algo que foi desfeito com o simples desenrolar das jogadas. Favoritismo é algo abstrato demais para ser levado a sério!
(3) Estimam que o fato de eu não ter realizado o "roque" complicou minhas possibilidades defensivas, expondo o rei demasiadamente. É possível que seja esse o ponto-chave do domínio adversário, que teve todos os méritos por se colocar em uma posição flagrante de vantagem tanto de material quanto territorial.
(4) Curiosamente, após o movimento da "jogada secreta" dama G6, demoramos aproximadamente meia hora para retornarmos ao mesmo posicionamento da interrupção. Respeito mútuo.
(5) A rainha branca foi figura imponente no tabuleiro.
(6) As galopadas foram fundamentais - no ataque e na defesa - para a construção da vitória das pretas.
(7) Cada peão importa.
(8) Acredito fortemente que o fator torcida exerce influência, e conto com uma mãe que é fã incondicional. O triunfo também é dela. Quando soube do resultado, comemorou mais do que eu.
(9) Bendito seja o inventor do xadrez.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Seletividade Penal: Arcanus Para Quem?

Arcanus é um termo latim que quer dizer "secreto", "misterioso". A Polícia Federal, que costuma escolher nomes extravagantes para suas empreitadas, apelidou de Operação Arcanus sua ação que privou de liberdade funcionários da ANVISA e da própria PF, supostamente envolvidos em crimes tipificados no Código Penal. Considerando que os policiais prenderam pessoas meramente suspeitas, isto é, sem possuir provas sobre a culpabilidade dos detidos, o nome que sugere Segredo e Mistério para a Operação Arcanus é absolutamente adequado.

Em nome do espetáculo midiático ou seja lá do que for, nesse exato momento tem pai de família honesto em cárcere do Estado. O mesmo Estado que faz vista grossa com corrupção ativa do alto escalão do governo.

Gozam liberdade aqueles cuja corrupção se flagra. Imunizados.

Aqueles contra os quais sequer há provas, a prisão se deflagra. Injustiçados.

Nunca pensei que fosse sentir com a força que sinto agora o quanto não somos iguais perante a lei. Que todas as vítimas de injustiça sejam amparadas. E que nós consigamos viver sem sermos injustos com ninguém. Do contrário, entraremos todos pelo (Ar)canus.
Enquanto você vê o porto do Rio de Janeiro (cenário da Operação Arcanus), um político nos furta em Brasília (por baixo dos panos).
 Operação Arcanus na mídia: Jornal do Brasil, O Dia, Manchete Online. Perceba como os textos se repetem e como ninguém se preocupa em verificar se há ou não há provas. A quem interessa tudo isso? Em tempos de enxugamento de contas públicas, convém desconfiar a forma como estão tratando esses agentes.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Análise Dos Sambas-Enredo Do Carnaval 2015 - Grupo Especial, Rio De Janeiro

12 agremiações, duas noites, milhões de espectadores. É o carnaval carioca se aproximando e trazendo com ele o maior espetáculo já produzido pela espécie humana: o desfile das escolas de samba.

Vamos aqui analisar as doze composições de 2015 (letra, melodia e algo mais).

Unidos da Tijuca. Seu enredo é a Suíça e seu desafio imenso: não será simples para a Tijuca desenvolver um carnaval na ausência do gênio Paulo Barros. A voz de Tinga, atual bicampeão com Vila-2013 e Tijuca-2014, fortalece um samba que não empolga. Mas que tem tudo para funcionar na avenida. Ou quase tudo.

Acadêmicos do Salgueiro. Culinária mineira é dose. Sem o Quinho, então... O Salgueiro foi a escola que mais despencou na qualidade de sua composição, deixando saudades do ótimo enredo Gaia. É possível que as coisas melhorem na Sapucaí, notadamente devido à força da bateria Furiosa e da comunidade salgueirense. Além, é claro, da plástica de Renato Lage. Aguardemos. De preferência, ouvindo o samba do ano passado.

Portela. Não basta ser portelense, precisa participar. Parece que o prefeito Eduardo Paes está levando esse pensamento a sério. Desde que se tornou o manda-chuva da cidade, a Portela não cansou de falar do Rio de Janeiro. Em 2015, de novo e novamente mais uma vez. Wantuir e Wander são dois intérpretes de alto nível e o samba tem tudo para levantar poeira. Já estou até tossindo.

União da Ilha do Governador. Irreverência é a síntese e a essência de um samba descontraído e que dá o seu recado. Lembra o enredo "Fama", apresentado pelo Salgueiro em 2013. Com a voz do inconfundível Ito Melodia, a bateria do prestigiado Ciça e a concepção do talentoso Alex de Souza, a agremiação insulana tem tudo para proporcionar ótimos momentos na Sapucaí.

Imperatriz Leopoldinense. É o samba da emoção. O casamento da letra e da melodia beirou a perfeição, cabendo elogios aos compositores e ao intérprete Nêgo. O desafio é conseguir no tom poético e introspectivo da canção alcançar a energia necessária para agitar os componentes de uma escola tachada como "fria".

Acadêmicos do Grande Rio. O título é péssimo, fazendo alusão proposital a um palavrão. Só por isso, entendo já caber uma penalização. A composição em si possui passagens interessantes e um andamento melódico viciante. As repetições das rimas "ar" e "er" na estrofe que antecede o refrão principal tornam o trecho cansativo. Acredito que a grande aposta da escola resida na parte visual, pois o enredo é de fácil entendimento e o carnavalesco conseguiu fazer de Maricá um quase-paraíso em 2014.

Beija-Flor de Nilópolis. Depois de exaltar farsas como Roberto Carlos e Boninho (na primeira teve a complacência dos jurados e na segunda, não), a Beija-Flor vem com um enredo com mais cara de Beija-Flor: África. Neguinho da Beija-Flor, um patrimônio do carnaval, fez interpretação magistral: ele consegue cantar o mesmo tema na mesma entonação sem se tornar necessariamente repetitivo. "Negro canta, negro clama liberdade". A sensação é de que já ouvi isso antes. Mas, vá lá, antes repetir a exaltação à africanidade do que homenagens a marionetes da ditadura. Salve Guiné!

Estação Primeira de Mangueira. É o samba do ano. Os refrões carregam a cara e o DNA da Mangueira. Gostoso de ouvir, fácil de memorizar, prazeroso de cantar. Mulher brasileira em primeiro lugar! Só espero que não gere conotações xenófobas ou sexistas, porque pra quem curte uma polêmica, dá pra encontrar terreno fértil nesse trecho. Sugiro colocar isso de lado e deixar a Mangueira passar.

Mocidade Independente de Padre Miguel. Simples e direto, o samba da Mocidade é um prato cheio para as surpresas do inventivo Paulo Barros. Eu já fico viajando se o genial carnavalesco não vai inovar numa interação entre a ala das baianas e a bateria... Roda baiana, cai nesta folia! De verde e branco com a bateria! Que o mundo não acabe antes do desfile da Mocidade. Ironicamente, a escola que foi campeã pela última vez com a voz de Wander Pires, entregou ao Bruno Ribas (campeão com Paulo Barros) os dizeres "a hora é essa", logo após o refrão. Para quem acredita em superstição...

Unidos de Vila Isabel. Mais uma vez, a Vila traz para a Sapucaí um dos melhores sambas do ano. A letra é inteligente e o andamento é gostoso de cantar, mas talvez vacile pelo fato de não apresentar "quebras melódicas", isto é, não rola aquele suingado. De toda forma, é fato que quem nasce lá na Vila nem sequer vacila, ainda mais com a Swingueira de Noel na área. Se a dignidade volta pro ninho, é o momento certo para a comunidade de Isaac, Noel e Martinho cantar com força o samba esse ano. Com mais força do que o que se (ou)viu no primeiro ensaio de 2015.

São Clemente. A aurinegra de Botafogo trocou sua marca registrada - a irreverência - pela emoção. O enredo em homenagem a Fernando Pamplona, assinado por ninguém menos que Rosa Magalhães, chega a parecer uma declaração de amor. Se a escola (leia-se a comunidade clementiana) conseguir agitar o sambódromo mesmo tendo um samba sem explosão e sendo a primeira a desfilar na segunda-feira, o resto está em ótimas mãos: basta contar o número de carnavais conquistados por Fernando ou Rosa (ele é tetra e ela é hepta).

Unidos do Viradouro. Confesso ter dificuldades para analisar esse samba. Vejo nele qualidades e potencialidades permeadas por um ar de "tá faltando alguma coisa". É pouca coisa, acho. Até porque a letra tem beleza. Mas falta algo, principalmente por se tratar de uma escola com a incumbência de abrir os desfiles, uma posição historicamente ingrata no carnaval carioca (e isso é muito mais culpa dos jurados do que qualquer outra coisa). Torcendo para que esse algo que talvez esteja faltando apareça na Sapucaí, com a energia de uma comunidade que voltou ao seu lugar.