sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Luz Do Bhagavata - Verso 18

Muitas plantas e trepadeiras que quase morreram durante os meses de abril e maio voltam agora a ser vistas em diversas formas, pois elas estão sendo nutridas em suas raízes pela terra úmida. Essas inumeráveis plantas e trepadeiras assemelham-se a pessoas que secam devido a severas penitências executadas em vista de algum ganho material mas que então alcançam seus objetivos e ficam voluptuosamente gordas, nutridas pelo gozo dos sentidos.

No Bhagavad-gita, afirma-se que ao terminar o dia de Brahma todas as criações manifestas do Universo desaparecem e que após o fim da noite de Brahma a criação novamente se manifesta.

Assim, a criação cósmica, em sua manifestação e não-manifestação, assemelha-se a trepadeiras e plantas que aparecem durante a estação das chuvas e que pouco a pouco desaparecem quando a estação se acaba.

bhuta-gramah sa evayam
bhutva bhutva praliyate
ratry-agame 'vasah partha
prabhavaty ahar-agame


"Repetidas vezes, ao chegar o dia de Brahma, todas as entidades vivas vêm a existir, e com a chegada da noite de Brahma elas são irremediavelmente aniquiladas". (Bg. 8.19)


Mesmo quando as plantas e as trepadeiras não mais podem ser vistas, suas sementes permanecem, e estas sementes adormecidas frutificam em contato com a água. De igual modo, as centelhas espirituais semelhantes a sementes, que são dominadas pelo desejo de assenhorear-se da natureza material, permanecem num estado adormecido depois que a manifestação cósmica é aniquilada; e quando a manifestação cósmica reaparece, todos os seres vivos silentes dentro do ventre da natureza material despontam e ocupam-se no gozo dos sentidos, destarte ficando voluptuosamente gordos.

Para alcançar a liberação a pessoa deve estar livre por completo das diferentes classes de desejos pervertidos. O ser vivo não pode suprimir os desejos, e a prática artificial de suprimir as ações dos desejos é mais perigosa que os próprios desejos ativos. Todos os desejos devem ser reformados e canalizados para as atividades espirituais; caso contrário, esses mesmos desejos se manifestarão repetidas vezes sob diferentes formas de gozo material, condicionando o ser vivo perpetuamente ao cativeiro material.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Meu Tio, A Ração E O Açaí

O itinerário era simples: fui levar meu tio de 88 anos e meio (detalhe para o "e meio") até o ponto de ônibus; depois iria passar no mercado para comprar ração pras cadelas; e finalmente iria comprar um açaí para mim. Coisas simples e ligeiras, num raio de menos de 500 metros de casa.

Mas foi só atravessar a primeira rua para a aventura ter início: mãozinha vermelha acesa indicando sinal fechado para nós, pedestres, mas meu tio quis atravessar assim mesmo. Não seria nada demais se não viesse um micro-ônibus a toda velocidade querendo passar. Soltei um "peraí, tio" e quando me dei conta ele já estava dando um pique alucinante e atravessando a rua. Eu fiquei. O motorista do ônibus também resolveu parar. Se somar a minha idade com a do piloto, não dá a do meu tio - muito mais sagaz do que nós dois juntos.

Chegamos (vivos) ao ponto de ônibus e lá ele tomou a condução que o interessava. De lá fui para o mercado comprar um pacote com 8kg de ração ao custo de R$30,50. Só que o produto foi registrado no caixa a R$34,90. Não estava disposto a ser lesado em R$4,40 e logo afirmei que havia um erro. Resumindo: fui até a prateleira e fotografei o preço da mercadoria (fiz isso porque não achei sensato arrancar a etiqueta na marra, até porque ela estava muito bem presa na estante). A funcionária do caixa viu a imagem registrada no celular mas alegou que precisava da etiqueta. E lá foi ela à procura do pedaço de papel. Voltou sem nada e pediu para que eu a acompanhasse, pois não localizara o objeto. Lá fui novamente, cheio de paciência (isto não foi uma ironia), e retornamos com a etiqueta (sim, ela a arrancou na marra).


Faltava o açaí. Essa foi a parte mais simples da história: não tomava açaí há uns dois meses e simplesmente tomei um susto quando vi o novo preço do negócio: R$8,99 o litro. Aumentou 3 reais num intervalo de cerca de 1 ano, muito acima da inflação dos ingredientes que compõem o produto, creio eu. Pelo menos no caixa foi registrado aquele preço mesmo (mas se viesse com um desconto, eu agradeceria).