segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Balanço Do Mês - Agosto


Resolvi postar fazendo uma retrospectiva desse mês de agosto de 2009. Vou tentar colocar aqui os fatos que de alguma forma foram relevantes e que merecem uma menção.

No dia 1º ocorreu a cerimônia de formatura na faculdade. Foi um evento bacana, onde mamãe e vovó foram prestigiar a minha pessoa. Honestamente, não me considero digno de tanto
carinho. Se começei o curso, era meu dever terminá-lo. Mas já que insistem em "me mimar", resta-me agradecer. (: Ah! Detalhe básico é que "oficialmente " ainda não estou formado. Há algumas pendências de ordem burocrática, mas boto fé que logo serão resolvidas. E aí, sim, poderei ser considerado geógrafo. Uhu!

Pra ser botafoguense não precisa de faculdade, basta ter bom senso

No dia 7 conheci uma galera gente boa na Lapa, amigos de um camarada que conheci na internet e depois pessoalmente. Rolaram várias trocas de idéia bastante produtivas a respeito de vegetarianismo. Interessante que me convidaram para um churras no dia seguinte, o qual por muito pouco não compareci. Prometeram rango veg preparado especialmente pra mim. (:

No dia seguinte... tcharam! Decepção no Engenhão. O Botafogo perdeu pro Atlético por 1a0 e eu voltei direto pra casa, sem fazer escala no churrasco supracitado. Coincidentemente, era aniversário de um camarada aqui na vila, que por sinal também fez a "confraternização" em torno da carne dos animais. Ô culturazinha sem-vergonha, que impõe celebrações em torno do sangue dos outros... coisa triste...

Na segunda-feira seguinte, fiquei sabendo da demissão do técnico Ney Franco. Ficou pouco mais de um ano no alvinegro e fez um belo trabalho. Tirou o time da zona do rebaixamento na temporada 2008, remontou o elenco na intertemporada e ainda assim foi campeão da Taça Guanabara. E, com um plantel limitadíssimo a sua disposição, fazia campanha irregular no Brasileiro. Em solidariedade e simultaneamente em protesto, prometi que não iria mais ao Engenhão nesse mês de agosto. E não fui mesmo, embora a torcida pelo Botafogo transcenda o local onde eu esteja na hora do jogo. Foi mais um ato político do que qualquer outra coisa. E, seguindo a politicagem, tenho como meta comparecer a todos os próximos jogos em casa, apoiando essa equipe que vem se mostrando determinada a tirar o clube dessa situação desconfortável na tabela.

Foto tirada antes da pelada entre Botafogo e CAP. Depois do apito final, o clima era outro...

Na sexta seguinte, novamente na Lapa, conheci uma amiga de internet. É interessante ver como de um chat vegetariano podemos desfrutar boas amizades. (: Aliás, ganhei uma irmã (gêmea) que conheci nesse mesmo chat. Incrível, né? Há coisas que só o vegetarianismo faz por você. d:

Aproveitei a disponibilidade de um camarada que tem TV por assinatura e assisti alguns jogos interessantes, como a vitória do Arsenal sobre o Celtic por 2a0 na Escócia, pela fase pré-grupo da UCL 2009-10. Embora a partida em si não tenha sido grandes coisas, foi muito bom rever o Arsenal jogar. Tava com saudades! Ah! Detalhe básico... durante o jogo ajudei ele a contar moedas. É, a contar moedas... Imagina um ser que guarda mais de 300 reais em moedas! Imaginou? Pois é, é esse o camarada que assistiu o jogo comigo. E nem pra me pagar uma comissão pela ajuda na empreitada contabilística.

No dia 29, fui para Aparecida (SP), onde fui visitar a Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. O lugar é sensacional por si só, e na presença de uma romaria de cerca de 60.000 (sessenta mil) cariocas, a vibração fica ainda mais intensa. Nem pude pagar a minha promessa, porque no meio daquela multidão não dava pra fazer o que eu queria. Tranqüilo, voltarei lá numa outra oportunidade, com o maior prazer. (:

Mar de devotos na Basílica em Aparecida, São Paulo

Ontem, dia 30, fiz um jejum (tomei uns 7 goles d'água) e nem por isso fiquei parado. Pedalei da Glória até a Urca, da Urca até a Glória e da Saens Peña até Vila Isabel. Tudo isso na maior disposição. Cada vez fico mais convencido de que a energia que efetivamente precisamos vem de fontes mais sutis do que a maioria de nós acredita. E isso é bom!

Enfim, cá estou agora. O servidor de truco não funciona e eu estou com medo de sofrer uma crise de abstinência. Quero trucar! Hahahaha...

Abraços e até setembro! Continuem na companhia de Deus. (;


domingo, 23 de agosto de 2009

Começou O Ramadã

Como a data de ontem marcou o início do Ramadã, cá estou na tentativa de falar alguma coisa sobre esse período altamente importante para os muçulmanos e para o Islamismo.

Bom, não tenho lá muita familiaridade com o Ramadã, nem com muçulmanos e tampouco com o Islã, mas um trabalho realizado ano passado na faculdade abordando a guerra do Yom Kippur me despertou interesse no tema. Aliás, a guerra recebeu esse nome pois foi no dia do Yom Kippur (também conhecido como o Dia Do Perdão) que os egípcios começaram os ataques bélicos pra cima dos israelenses, no ano de 1973.

Imagem de conflito árabe-israelense, a guerra do Yom Kippur

O Ramadã não tem uma data fixa, pois se baseia nas fases da lua, sendo o calendário lunar 11 dias mais breve que o calendário solar. O fato é que ocorre no nono mês do calendário islâmico, sendo o 'tripé' do Ramadã baseado nas propostas de oração, jejum e caridade.

Acho interessante a questão do jejum e os propósitos vinculados a essa prática, até porque não é uma conduta exclusiva do islamismo. Os católicos, por exemplo, propõem que os seguidores da doutrina não comam carne no período de Quaresma. Curioso, né? Por quarenta dias no ano é considerado "errado" comer carne, mas nos demais 325 dias a mesma prática é "tolerável". Não quero me alongar numa comparação religiosa, mas acho pertinente colocar que embora haja uma simbologia forte em torno da Quaresma católica, a disciplina islâmica perante o Ramadã é muito maior, não havendo a ingestão de nenhum alimento entre o nascer e o pôr-do-sol.


Muçulmanos orando na mesquita Istiqlal, em Jacarta, marcando o início do Ramadã

Quanto ao Yom Kippur especificamente, é interessante observarmos as recomendações para essa que é uma das datas mais importantes do judaísmo:

Existem 5 proibições no Yom Kippur: 1. Comer (come-se um pouco antes do pôr-do-sol ainda na véspera do dia até o nascer das estrelas do dia de Yom Kippur); 2. Usar calçados de couro; 3. Relacionamento conjugal; 4. Passar cremes, desodorante etc. no corpo; 5. Banhar-se por prazer.

A essência destas proibições é causar aflição ao corpo, dando, então, prioridade à alma. Pela perspectiva judaica, o ser humano é constituído pelo yetzer hatóv (o desejo de fazer as coisas corretamente, que é identificado com a alma) e o yetzer hará (o desejo de seguir os próprios instintos, que corresponde ao corpo). Nosso desafio na vida é "sincronizar" nosso corpo com o yetzer hatóv. Uma analogia é feita no Talmud entre um cavalo (o corpo) e um cavaleiro (a alma). É sempre melhor o cavaleiro estar em cima do cavalo!


Dar uma data para "o desejo de fazer as coisas corretamente" é como uma encenação coletiva sob a batuta religiosa, onde o "bom homem" tem prazo de validade já estimado. Está no "dia do perdão", no "dia de ação de graças", na "sexta-feira santa" etc. Acredito que o verdadeiro sentido de re-ligare encontre-se abrigado num compromisso permanente, que transcenda a formalidade da espiritualidade institucionalizada e permeie o mais íntimo de nós no sentido de matermo-nos conectados sem precisar que um sacerdote ou um livro diga-nos o que fazer. Esse "agir corretamente" eu gosto de chamar de ética.

Oração, jejum e caridade pra você também.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Prótese Para Quem Precisa


Saudações, você que aí está.

10 anos atrás, então com 38 de idade, uma elefanta chamada Motola teve a infelicidade de pisar em uma mina terrestre encravada num campo de conflitos entre humanos, próximo a fronteira entre Mianmar (antiga Brimânia) e Tailândia. Como resultado, acabou sofrendo a amputação de uma perna (a dianteira esquerda).

Mas como será a vida de um elefante na Tailândia?

Bom, as coisas não são nada boas para essa espécie naquele país. Diz-se que, um século atrás, haviam 100.000 elefantes na Tailândia, dos quais metade estava condenada a arrastar toras de madeira e carregar mercadorias. Hoje há cerca de 3.000 elefantes "domesticados" e um número ainda menor levando uma "vida selvagem". Com a destruição crescente do habitat desses mamíferos, a situação pode se agravar: 3/4 da cobertura florestal do país já foram devastadas para fins humanos. Como se não fosse o bastante, elefantes são alvos do turismo tailandês e prestam serviços forçados de entretenimento aos homo sapiens sapiens.

Motola, ilustrada nesse tópico, acidentou-se no campo minado pois estava trabalhando - não me perguntem para quem e muito menos porque, apenas entenda que a arrogância humana subjuga os não-humanos a mera ferramenta para satisfação de seus interesses particulares.

Motola tornou-se símbolo
da luta pela preservação dos elefantes, mobilizando defensores dos direitos animais ao redor do mundo. Foram diversas intervenções cirúrgicas que culminaram na prótese da perna amputada, possibilitando que a fêmea voltasse a andar, após uma década.

Registro aqui os parabéns a todos que se empenharam na recuperação dessa fêmea, superando a banalização do "sacrifício", opção da lei do menor esforço. Quando um cavaleiro - aquele indivíduo humano que monta ao cavalo - cai do cavalo e ambos sofrem uma lesão, o que acontece? Resposta: o cavalo é "sacrificado" enqüanto o cavaleiro é contemplado com uma cadeira de rodas. Alguém já ouviu falar em "sacrifício" de cavaleiro?
Ou em cadeira de rodas para cavalo? Pois é...

Espero sinceramente que esta elefanta possa caminhar em liberdade, sem prestar qualquer serviço a ninguém, vivendo de acordo com os seus próprios propósitos existenciais, de competência exclusiva do ser elefante, inalienável a exploração de qualquer outra espécie.

domingo, 9 de agosto de 2009

Méqui Dia Feliz


Ontem, sábado, observei uma senhora com uma mesa instalada numa esquina perto de onde moro. Ela estava ali provavelmente fazendo panfletagem pró-Mc Dia Feliz (que, em 2009, ocorrerá no dia 29 de agosto), um evento anual beneficente de uma corporação internacional, conhecida em diversos países do mundo. Não tive qualquer interesse em me aproximar da 'barraquinha', mas algo que me veio em mente foi o fato da grande ilusão promovida por essa instituição Ronald Mc Donald's.

Posso me citar como exemplo, pois fui freqüentador assíduo do Méqui Crueldade até os 20 anos de idade. Financiei durante anos e anos uma corporação que enriquece às custas da matança de animais, da degradação ambiental e de danos a saúde dos consumidores que optam por abocanhar aqueles produtos por eles oferecidos. No que tange especificamente aos danos à saúde dos consumidores, uma boa indicação é o documentário "Super Size Me" ("A Dieta Do Palhaço"). Nesta filmagem, o produtor se colocou como cobaia para demonstrar o perigo que está em se alimentar de Big Mac, batata frita, refrigerante e companhia. O vídeo pode ser encontrado no YouTube, dividido em 10 partes (a primeira delas: http://www.youtube.com/watch?v=PP3I5alwPKE&feature=PlayList&p=67D8BB1705DC7728&index=0).

O lanche ofertado às crianças (o tal Mc Lanche Feliz) vem dentro de uma caixinha colorida e acompanhada de um brinquedinho. Que fofo, né? Quanta preocupação com a saúde e bem-estar da molecada! 365 dias por ano, o palhaço e sua trupe anunciam serelepes e saltitantes um banquete mortal. E, uma vez por ano, têm a extrema bondade de reverter um percentual de suas vendas para o tratamento de crianças... doentes! O navio de guerra do Méqui atira com seus canhões nos inocentes barquinhos paz-e-amor e depois oferece uma corda para resgatar. Parece óbvio de que seria preferível não haver o bombardeio, até porque a fajuta corda de resgate simplesmente não seria necessária. Mas o arsenal armamentista dessa corporação é altamente lucrativo, e não há causa nobre que se sobreponha à ganância pela expansão dos lucros.

Ó consumidor, pense bem antes de entrar numa loja com aquele "M" amarelo. Pense no que aquilo representa para os animais que terão suas carnes envoltas em pães, pense no que representam os impactos ambientais para a criação intensiva daqueles mesmos animais, pense no que representa a ameaça à saúde das pessoas que, ingenuamente crédulas na proposta alegre do palhaçinho, entregam a sua confiança de bandeja para, em recompensa, terem sua saúde bombardeada pela gigante multinacional.

Cuide-se e mantenha distância dessas ofertas degradantes. Mesmo que, eventualmente, ofereçam uma corda para resgatar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Civilização E Barbárie

Eis a definição civilizatória encontrada em Wikipedia: "A civilização é o estágio da cultura social e da civilidade de um agrupamento humano caracterizado pelo progresso social, científico, político, econômico e artístico".

Bom, façamos de conta que no progresso social não há desigualdade, que no progresso científico a ética é priorizada e, pra não irmos muito longe, que a geopolítica mundial encontra-se direcionada ao bem-estar e à prosperidade da humanidade. Feito o faz-de-conta, vamos agora colocar a premissa: somos civilizados. Conseguimos engolir essa? Então agora, deitados eternamente no berço esplêndido d
e uma cultura triunfante, isenta de erros, vamos apontar os dedos para as culturas alheias e, se não concordarmos, vamos rotulá-los de bárbaros. Que tal?

É mais ou menos o que fazemos com relação ao Oriente Médio. A imagem a seguir mostra uma cena de execução por apedrejamento, pena aplicada em alguns países asiáticos.




A violência extremada na pena de morte por apedrejamento leva muitos ocidentais a reprovarem veementemente essa prática. Os civilizados do Ocidente aplicam outras punições aos infratores, como o enclausuramento nos sistemas prisionais, ou a pena de morte "indolor" via injeção letal, ou mesmo o enforcamento, que, salvo algum contratempo, desfalecerá a vítima em poucos minutos. O recado do Ocidente para os "médio-orientais" seria uma espécie de: aprendam a matar como matamos. Que moral, né não?

É interessante porque nesse mesmo Ocidente - e agora falando um pouco do Brasil - há várias práticas, legitimadas pela noção de cultura, que levam seres sensíveis a e
xperimentarem dor e sofrimento. É o exemplo dos rodeios. Como seria possível dar razão à exploração dos animais usados nas arenas baseado numa opção cultural?



Laço ao bezerro: estrangulamento por diversão

Ora, se a cultura dá sustentáculo a essa atrocidade, por extensão, também dará a qualquer outra. Posicionar-se a favor ou contra esse tipo de "espetáculo" deve transcender qualquer viés cultural, alicerçando-se tão somente na ética. É correto atentar contra a liberdade de alguém e mantê-lo sob exploração porque uma determinada cultura convencionou que isso é aceitável?

São muitos os exemplos que aqui caberiam para desconstruir essa fictícia noção de civilização, que torna dos pseudo-civilizados criaturas acomodadas na repetição de hábitos anti-éticos, convenientemente assentados na definição de cultura.

Encerro essa postagem com as palavras de José Saramago, que sintetizam com primor o que aqui é exposto. O título é "Espanha Negra", ilustrando o caso das touradas que acontecem naquele país.

Refiro-me a essas vilas e cidades onde, por subscrição pública ou com apoio material das câmaras municipais, se adquirem touros à ganaderias para gozo e desfrute da população por ocasião das festas populares. (...) Coberto de sangue, atravessado de lado e lado por lanças, talvez queimado pelas bandarilhas de fogo que no século XVIII se usaram em Portugal, empurrado para o mar para nele perecer afogado, o touro será torturado até à morte. As criancinhas ao colo das mães batem palmas, os maridos, excitados, apalpam as excitadas esposas e, calhando, alguma que não o seja, o povo é feliz enquanto o touro tenta fugir aos seus verdugos deixando atrás de si regueiros de sangue. É atroz, é cruel, é obsceno. Mas isso que importa se Cristiano Ronaldo vai jogar pelo Real Madrid? Que importa isso num momento em que o mundo inteiro chora a morte de Michael Jackson? Que importa que uma cidade faça da tortura premeditada de um animal indefenso uma festa colectiva que se repetirá, implacável, no ano seguinte? É isto cultura? É isto civilização? Ou será antes barbárie?


Abraços.
(bastante útil: http://ddapelotas.blogspot.com/2008/10/cultura-cultura-aqui-e-no-oriente-mdio.html)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sobre O Cuidado

O ato de ter cuidado - isto é, tratar ou manejar com precaução - tem grande relevância no mundo em que vivemos. Citarei quatro exemplos básicos.

(1) um médico cirurgião pode, pelo nível de cuidado que tenha perante o paciente, decretar se aquela pessoa submetida à intervenção cirúrgica continuará viva ou não;

(2) um simples diálogo, quando isento de devidos cuidados no uso das palavras ou no próprio tom da fala, pode gerar um mal-entendido de difícil solução;

(3) um governo que não tenha uma política pública que cuide dos mais necessitados pode acentuar a miséria e a pobreza na nação pela qual é responsável;

(4) um empreendimento será tão menos degradante à natureza quanto maiores forem seus cuidados ambientais na sua instalação e processo produtivo.


Podemos perfeitamente atrelar a noção de cuidado com a de responsabilidade. De um médico irresponsável é mais provável esperarmos um ato de negligência do que de cuidado. De um encontro entre dois indivíduos que não se respeitam tudo indica que teremos um diálogo ríspido e ofensivo. De um governo corrupto, omisso com os cidadãos que lhe pagam impostos, dificilmente veremos um zelo adequado para a população menos favorecida. De uma corporação que externaliza os custos socioambientais para internalizar os lucros financeiros seria ingênuo esperar uma postura de cuidado com a sociedade ou a natureza.

Se, ao contrário, em cada um dos exemplos anteriores houvesse uma plena noção de responsabilidade, o cenário seria diametralmente oposto. O médico responsável e cuidadoso não pouparia esforços para ver o paciente plenamente recuperado. O diálogo entre as pessoas que mantém mútuo respeito entre si seria invariavelmente agradável, mesmo que havendo divergência de opiniões. O governo cuidadoso e atento ao cenário vigente não descansaria até minimizar - ou mesmo abolir - qualquer ocorrência de injustiça social. A empresa cuidadosa e responsável jamais contemplaria em seu processo produtivo métodos antiéticos, mesmo que para isso seus lucros financeiros sejam de alguma forma afetados negativamente.

Nós, enqüanto cidadãos e consumidores conscientes, precisamos ter o mesmo cuidado ao fazermos as nossas escolhas. Há muito mais por trás de um produto do que habitualmente paramos para pensar. Se as empresas camuflam o que acontece para que um determinado bem de consumo chegue nas prateleiras dos mercados, precisamos, de nossa parte, nos mantermos vigilantes para que as nossas opções não financiem qualquer evento que atente contra a vida - levando-se em consideração que a vida seja um bem inalienável, mais importante do que qualquer bem material inanimado.


Com uma mão, a guerra. Com a outra, o cuidado com a vida.

Transcrevo a seguir a fábula-mito sobre o cuidado, de Gaius Julius Hyginus, extraído do livro "Saber Cuidar: ética do humano, compaixão pela Terra", de Leonardo Boff.

Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco do barro e começou a dar-lhe forma. Enqüanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.

Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.

Quando, porém, Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome.

Enqüanto Júpiter e Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da Terra. Originou-se então uma discussão generalizada.

De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:

Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura.

Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer.

Mas como Você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver.

E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil.



domingo, 2 de agosto de 2009

Blogar - Qual A Intenção?

Saudações, você que lê.

Estou "largando" um blog vinculado ao Windows Live e "abrindo" esse atual. Espero que essa mudança de ares traga motivação no sentido de que consiga postar com maior regularidade, pois cinco tópicos num intervalo de quatro meses é uma estatística que considero vergonhosa.

O substantivo "intenção" pode ser entendido como o ato de escolher mentalmente um plano de ação a seguir (fonte: Wikipedia) ou, segundo o dicionário Michaelis, significa intento, pensamento, propósito. Pois bem, a intenção com esse blog é discutir temas que pareçam pertinentes e relevantes para a confecção de um mundo mais próspero. Bonito, né? Bom, confesso que isso não anula a possibilidade de de vez em quando pintar algo... hum... mundano (não quis escrever "fútil" e essa foi a melhor palavra que me veio em mente
no presente momento), mas manterei um mínimo de esforço para que a maioria das abordagens aqui propostas sejam dignas de serem lidas e, principalmente, que possibilitem uma chance para reflexão. Que furada que eu fui me meter...

Abraços bem-intencionados.