quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Srila Gurudeva Entra Em Mahasamadhi

Ofereço minhas mais profundas e respeitosas reverências aos pés-de-lotus de Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja, a quem sou eternamente grato.

Hoje uma emoção diferente tomou conta do
atma que habita este corpo: recebo a notícia de que Srila Gurudeva entrou em samadhi e, às 3 horas da manhã desse 29 de dezembro de 2010, se encaminhou para a morada do Senhor Supremo. Abaixo, transcrevo a mensagem (fonte original em inglês "Srila Gurudeva Enters Samadhi").
Queridos devotos e amigos,

Por favor aceitem nossos dandavats pranams e recebam as bênçãos do coração de Srila Gurudeva. Todas as glórias a Sri Guru e Sri Gauranga e todas as glórias a Sri Sri Radha Vinode Bihariji.

Hoje, Sri Krsna Navami Tithi, no dia 29 de dezembro de 2010, no mais auspicioso dia do aparecimento de nitylila pravista om vishnupada Sri Srimad Bhaktivedanta Vaman Gosvami Maharaja, nosso amado Gurudeva, Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Gosvami Maharaja entrou nos passatempos eternos de Sri Sri Radha e Krsna às 03 h da manhã em Sri Jagannath Ksetra Dham, a residência transcendental de Sri Jagannath Deva, Sri Baladeva e Srimati Subhadra.

Estamos fazendo todos os preparativos para trazer o corpo transcendental de Srila Gurudeva para Sri Navadvip Dham e lá colocá-lo em Samadhi.

Mais notícias serão enviadas em breve.

Vaisnavadasanudasa & aspirantes pelo serviço a Sri Guru e Vaisnavas


Swami B.V. Madhava & Brajanath das

Devemos compreender verdadeiramente Krishna e isto só pode ser feito por servir a um devoto puro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mensagem De Natal E Ano Novo

Nessa época do ano brotam mensagens desejando dias melhores. Algo altamente positivo e que torna-se altamente inspirador por se tratar do momento em que celebramos o nascimento do inigualável Jesus Cristo.

A mensagem que mais me sensibilizou não foi nenhuma dessas tantas com dizeres repletos de palavras bonitas, etc e tal. Mas é precisa e contundente na sua sinceridade e no seu caráter de emergência. Está aí à esquerda, onde você pode clicar para ampliar. Ou se preferir, acesse: http://migre.me/3b6P4

"Enquanto baleias continuarem a ser assassinadas,
enquanto tubarões continuarem a ser mutilados aqui no Brasil,
enquanto focas continuarem a ser trucidadas,
e enquanto golfinhos continuarem a ser massacrados,
vai ser impossível desejarmos um FELIZ Natal e um FELIZ Ano Novo.
Mas continuamos lutando para mudar tudo isso!"

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 9

Uma cena pitoresca de verdejantes campos de arroz anima o coração do agricultor, mas traz melancolia ao capitalista que vive da exploração dos pobres fazendeiros.

Com boas chuvas, floresce o trabalho do fazendeiro na agricultura. A agricultura é a profissão mais nobre. Ela faz a sociedade feliz, próspera, saudável, honesta e espiritualmente propícia para uma vida melhor após a morte. A comunidade vaisya, ou a classe mercantil, abraça esta profissão. No Bhagavad-gita, os vaisyas são descritos como os agricultores naturais, os protetores das vacas e os comerciantes em geral. Ao encarnar em Vrndavana, o Senhor Sri Krsna teve prazer de tornar-Se o filho querido de uma família vaisya. Nanda Maharaja era um grande protetor das vacas, e o Senhor Sri Krsna, como o filho mais amado de Nanda Maharaja, costumava cuidar dos animais de Seu pai na floresta próxima. Através de Seu exemplo pessoal o Senhor Krsna desejava ensinar-nos o valor da proteção às vacas. Diz-se que Nanda Maharaja possuía novecentas mil vacas, e à época do Senhor Sri Krsna (cerca de cinco mil anos atrás) a extensão de terra conhecida como Vrndavana era inundada de leite e manteiga. Portanto, as profissões abençoadas por Deus para a humanidade são a agricultura e a proteção às vacas.

O comércio objetiva tão-somente o transporte da produção excedente para os locais onde a produção é escassa. Porém, ao tornarem-se muito cobiçosos e materialistas, os comerciantes lançam-se ao comércio e à indústria de grande escala e induzem os pobres agricultores a viverem em cidades industriais insalubres com a falsa esperança de ganharem mais dinheiro. O industrialista e o capitalista não desejam que o fazendeiro fique em casa, satisfeito com sua produção agrícola. Quando os fazendeiros estão satisfeitos em virtude do crescimento luxuriante de cereais, o capitalista fica com o coração melancólico. Mas o fato verdadeiro é que a humanidade tem de depender da agricultura e obter seus meios de subsistência através da produção agrícola.

Ninguém pode produzir arroz ou trigo em grandes indústrias metalúrgicas. O industrialista vai até os camponeses para comprar os cereais que ele é incapaz de produzir em sua fábrica. O pobre agricultor recebe adiantado do capitalista, mas vende sua produção a um preço inferior. Portanto, quando os cereais são produzidos em abundância os fazendeiros tornam-se financeiramente mais fortes, e assim o capitalista fica irritado por não ser capaz de explorá-los.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Neste Natal, Pense

Nascido numa manjedoura, sob o testemunho harmonioso de animais que ali marcavam presença. Durante a vida, um ativo defensor da não-violência. Aliás, a vida desse ser absolutamente luminoso que marca a data de 25 de dezembro dispensa maiores ponderações. Não sei o que o dia de Natal eventualmente possa representar na vida de cada um que eventualmente leia essas palavras, mas tomo a liberdade de fazer um pedido àqueles que, seja como for, celebram a data de uma forma especial: sejam coerentes com a vida do homenageado. Se ele estivesse sentado à mesa contigo, você seria rude ou apenas pronunciaria palavras fraternais? Você o recepcionaria amarga ou alegremente? Você ousaria serví-lo com o sangue originado do sofrimento de seres sensíveis ou a ceia abraçaria princípios éticos? As respostas são pessoais e a reflexão é obrigatória para uma conduta coerente.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 8

O verde vívido da grama recém-crescida, as flores sazonais, os cogumelos, as borboletas e as outras variedades da estação chuvosa representam perfeitamente uma família próspera absorta na vaidade de suas posses.

O homem rico exibe sua opulência de várias maneiras coloridas. Ele possui uma bela mansão residencial com um enorme terreno e um jardim bem cuidado. A mansão é decorada com mobília e tapetes modernos. Ele possui automóveis com polimento ofuscante e um aparelho de rádio que recebe e transmite notícias ao vivo e canções melodiosas. Tudo isto cativa o seu proprietário como se ele estivesse numa terra de sonhos por ele mesmo criada.

Quando esse mesmo homem era tão árido quanto a terra não cultivada e não tinha nehuma dessas opulências, seu comportamento era simples. Porém, desde que obteve todos esses meios materiais de desfrute, ele esqueceu-se do princípio de que tudo no mundo vem e vai como as estações mutáveis. O belo Forte Vermelho e o Taj Mahal foram construídos por Xá Jahan, que deixou o local há muito tempo, e muitos outros vieram ao mesmo local e se foram, como flores sazonais. As posses mundanas assemelham-se às flores sazonais. Ou as flores murcham, ou o próprio jardineiro se vai. Esta é a lei da natureza. Portanto, se desejamos vida, conhecimento e bem-aventurança permanentes, devemos buscá-los em outro lugar, não na estação chuvosa, temporária e mutável, que é repleta de muitas variedades de visões prazerosas que se desvanecem quando a estação acaba.
A manifestação dos elementos materiais não passa de representação sombria da realidade. Ela é comparada à miragem no deserto. No deserto não existe água, mas o cervo estulto corre em direção à água ilusória do deserto para saciar sua sede. A água não é irreal, porém, o lugar onde a procuramos é ilusório. O avanço da civilização materialista é exatamente como uma miragem no deserto. O tolo cervo corre atrás da água no deserto com toda a velocidade, e a ilusão da água move-se à sua frente à mesma velocidade. A água não é falsa, mas não devemos buscá-la no deserto. A entidade viva, devido a sua experiência passada, lembra a verdadeira felicidade de sua original existência espiritual, contudo, desde que se esqueceu de si mesma, busca felicidade espiritual ou permanece na matéria, embora isto seja impossível de alcançar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Purgatório Da Beleza E Do Caos

Mais uma vez, veja só, o Rio de Janeiro é notícia internacionalmente.

Alguns me perguntaram (meses atrás, antes do pleito eleitoral) a respeito das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), implementada na gestão do atual governador, reeleito mês passado. Minhas respostas costumavam ser reticentes: 'isso está estranho', 'esse negócio está esquisito'. E aconteceu. Para alegria do senhor governador Sérgio Cabral, aconteceu depois das eleições. Mas, para tristeza e medo da população carioca, aconteceu. Após desterritorializarem o narcotráfico em 14 favelas escolhidas, os indivíduos economicamente prejudicados (leia-se narcotraficantes) reagiram. E, pela primeira vez na história dessa cidade, vê-se uma união da criminalidade: nesse momento, não importa a facção às quais os narcotraficantes "pertencem", nesse momento a UPP desses indivíduos significa "Unidos Pelo Pó".

Apoiadas pela grande mídia e aplaudidas por grande parte da população residente, as ações das forças policiais prometem o máximo de ostensividade, seguindo a estratégia do enfrentamento e alimentando a lamentável estatística de ser essa polícia - a do Rio de Janeiro - a que mais mata e a que mais morre no mundo.

Não sei quanto tempo durará essa empreitada. A "cidade maravilhosa" está, na data dessa postagem, no 6º dia de ações/reações armadas. A certeza que guardo é a de que nenhuma mazela social será totalmente desfeita sem que se reduzam drasticamente as desigualdades.

Agora é hora - como sempre é - de colocarmos a mão na consciência e auto-refletirmos o seguinte: "até que ponto estou envolvido nisso?". Poderia responder a essa indagação estendendo o tópico em mais um ou outro parágrafo, mas a idéia é que você responda por si próprio. Até porque, talvez, as respostas possam ser diferentes. Até que ponto estamos envolvidos nisso?

Em tempo, uma sugestão de leitura: "São Sebastião ainda olha por nós e algumas considerações".

Abraços.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 7

Os pequenos córregos que quase secaram durante os meses de maio e junho começam agora a transbordar suas margens, tal como os novos-ricos que subitamente excedem os limites de seus gastos.

Deve-se aprender a gravidade com o mar e o córrego. Embora muitos rios lancem suas águas no mar, este permanece sempre dentro de seus limites. De forma semelhante, deve-se usar apropriadamente os bens da vida e não esbanjá-los visando a propósitos que não têm valor permanente. Pessoas descontroladas e luxuriosas brincam com os bens do corpo e acumulam riqueza. Contudo, o vigor físico deve ser usado para auto-realização, não para gozo dos sentidos.


Os seres humanos têm duas classes de temperamento. Alguns são introspectivos e outros são esbanjadores. Aqueles que são esbanjadores ficam cativados pelos aspectos externos da beleza fenomenal e não têm compreensão da manifestação total. Sua introspecção está praticamente adormecida, e por isso são incapazes de auferir qualquer lucro permanente da riqueza da forma de vida humana. Porém, quem desenvolveu a introspecção é tão grave quanto o mar. Enquanto os esbanjadores permanecem calmos e tranqüilos em seu torpor, aqueles que são graves usam toda a vantagem oferecida pela forma de vida humana.


Embora as propensões animais do corpo devam ser minimizadas, aqueles que são esbanjadores excedem-se por certo tempo no desfrute material. Entretanto, tão logo a estação chuvosa da vida termina, eles tornam-se tão áridos quanto os leitos de rios secos. A vida tem por objetivo a causa certa, ou sat - aquilo que existe para sempre. No mundo material nada é sat, eterno, todavia, o mau negócio do mundo material pode ser usado para o melhor propósito. A mente dedicada ao esbanjamento é um mau negócio, mas pode-se fazer o melhor uso da mente através da introspecção.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Voto Derradeiro Nas Eleições 2010: O Que Fazer?

Tão logo foi oficialmente divulgado o segundo turno presidencial entre Dilma Rousseff (para mais 4 anos de PT) e José Serra (para mais 4 anos de PSDB), notei que me encontraria em um grande dilema para o novo pleito eleitoral.

A votação derradeira acontecerá no próximo domingo, 31. A dúvida que paira sobre esta mente é se devo anular o voto teclando 50 (ou qualquer outro número que não o dos candidatos, embora o 50 carregue um aspecto simbólico) ou se devo anular o candidato José Serra teclando 13.

A candidata Dilma não me empolga. Votar nela seria, no meu raciocínio, votar na plataforma petista, que, embora não seja a ideal, é muito mais próxima dos menos favorecidos do que a plataforma tucana, altamente elitista no seu mergulho neoliberal.

Mais que isso, votar em Dilma seria o ato formal de comprovar o meu medo no retorno dos tucanos ao governo federal. As gestões de FHC (nas quais José Serra foi ministro da Saúde e também ministro do Planejamento) representaram oito anos que eu não gostaria de ver o Brasil experienciar de novo.

No debate de ontem, anunciado como o penúltimo da televisão, ficou bastante claro uma coisa: tanto Dilma quanto Serra estavam mais preparados em apontar os podres dos oponentes do que propriamente a apresentar uma política pública que contemple a massa de necessitados.

Num determinado momento, foi feita uma pergunta ao tucano que comparava os 8 anos de governo do PSDB (5 milhões de empregos gerados) com os quase 8 anos de governo do PT (cerca de 15 milhões de empregos gerados). O tucano "preferiu" falar da Petrobras, numa explanação que não contemplou palavras como "emprego", "trabalho", "renda", supostamente no mesmo campo semântico da pergunta a ele feita. Daí eu pergunto: houve um debate? Dou-me a liberdade de responder: não, não houve. Talvez tenha havido um conflito. Mas, infelizmente, não um conflito de idéias - por mais incrível que possa parecer, os dois candidatos em muito se assemelham - e sim um conflito na esfera pessoal. Para tristeza dos eleitores, obrigados a comparecerem a uma zona eleitoral e depositar seu voto numa específica urna eletrônica, sobraram duas coligações de mensaleiros. Não há moral de nenhum sobre outro ali. Ambos, quietos, já estariam errados. Mas eles fazem questão de falar. Debater que é bom, quase nada.

Bem, talvez você esteja querendo saber para quem vai o meu voto. Devo confessar que tenho mais medo de um novo governo tucano do que empolgação por um novo governo petista. 8 anos atrás, fui votar pela primeira vez. 16 anos de idade (ou 17 recém-completados, não lembro) e um sentimento de esperança personificado na figura barbuda e carismática de Luís Inácio "Lula" da Silva. Lula foi eleito, e a política privatizatória de Fernando Henrique desfeita (dou graças a Deus por isso). Os indicadores sociais deram saltos. O Brasil melhorou. Mas vieram escândalos, alguns deles lamentáveis, principalmente por envolver um partido que enchia a boca para falar de "ética". Em 2006, dei meu voto no primeiro turno para Heloísa Helena. No segundo, para Lula. Nesse ano, votei em Plínio de Arruda Sampaio, um indivíduo que chegou a me comover com a sua linda candidatura. No segundo turno, o que fazer? Retornando ao sentimento de esperança - campanha "a esperança venceu o medo" -, a minha única esperança nesse segundo turno é de conotação utópica: de que o povo brasileiro anulasse o voto. Votar em Dilma seria motivado pelo sentimento de medo: medo de uma eleição de José Serra. Não posso trair um sentimento tão nobre quanto o da esperança. Por mais utópico que pareça. Tá decidido: vou anular.

Bom voto para todos. O país que merecemos é esse que está aí. Nada mais que isso.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uma Unidade Resgatada

70 dias. O que você faz em 70 dias?

São 10 semanas. Mergulhados na rotina cotidiana, nem nos damos conta do que podemos fazer nesse período. No Chile, trabalhadores de uma mina ficaram soterrados e conviveram por 70 dias privados de toda comodidade, sem poder sequer ver a luz do sol. Surpreendentemente, aquelas 33 pessoas (leia-se 33 heróis) conviveram harmoniosamente, esbanjando inclusive bom-humor.

Não sei o que esse fato marcante possa ter representado para você que está lendo essas palavras nesse momento. Mas, para mim, foi bastante significativo. Uma verdadeira aula de valorização da vida. Uma volta por cima - literalmente - inspiradora. A mobilização internacional para acompanhar o resgate também é um sinal positivo. Eu, se fosse cineasta, correria atrás dos direitos de transformar essa história em filme. Não sou, então dedico, humildemente, essa postagem a cada um dos 33 indivíduos que tanto ensinaram àqueles dispostos a extrair algum aprendizado dessas situações inusitadas que a vida por vezes pode nos proporcionar.

Mais que uma unidade de mineiros, creio que a humanidade pode ter sido resgatada. Um resgate de valores. Viva a vida!

Juan Carlos Aguilar, um dos mineiros resgatados, retorna à mina para acompanhar uma missa de agradecimento, acompanhado de esposa e filha.

Que os próximos 70 dias sejam muito bons para todos nós!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

14:53h, 28ºC

O relógio digital situado no estádio Jornalista Mário Filho, vulgo Maracanã, apontava esse horário e essa temperatura. Enquanto isso, lá estávamos Gaia, Samadhi e eu a andar em torno do "maior do mundo" (hoje um canteiro de obras gigantesco). Ao fato.

Num determinado momento, as cadelas começaram a tentar me puxar pro lado. Era exatamente na direção onde passava um sujeito andando com um copo de sorvete. Trouxe as coleiras mais pra perto e seguimos em frente.

Eis que o camarada olha pra elas e, de alguma forma, toma a iniciativa de oferecer-lhes um pouco de sorvete! Nunca havia visto isso antes, ainda mais na rua, sem "conhecer" a pessoa. Acha que acabou? Está apenas começando...

Ele: aê, elas podem tomar um pouco desse sorvete? Eu abaixo o copo...
Eu: pô, acho melhor não, é capaz delas avançarem...
Ele: ah! Então eu coloco um pouco aqui [apontando pro chão] pra elas.
Eu: beleza, cara!

Nesse momento, o sujeito pega uma colherada generosa de sorvete, se abaixa e sacode a colher generosamente para que o sorvete caísse no chão. E lá foi a Samadhi devorar, sem deixar nada pra Gaia.

Ele: a outra não tomou, vou botar mais.
Eu: demorô.

Nesse momento, segurei a Samadhi e lá foi a Gaia abocanhar o sorvete.

Eu: ó a alegria delas...
Ele: se amarram, né?
Eu: pô, valeu aí...
Ele: valeu!

E lá foi ele andando, tomando o resto do sorvete, gentil e espontaneamente compartilhado.

Nunca vi nada dessa natureza antes. Coisas assim, aparentemente banais, me fazem ter esperança na espécie humana, mesmo diante de uma sociedade que nos enche de motivos para temermos o futuro que se aproxima. Isso faz diferença.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Festival De Cinema Do Rio

Do dia 23 de setembro até hoje, cariocas e/ou viajantes que encontram-se na Cidade Maravilhosa puderam curtir o Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Não me considero um cinéfilo (esse termo me sugere algo como "sujeito alucinado por cinema", creio que esteja num estágio pouco mais são que esse) mas o fato é que consegui ver vários filmes. De segunda-feira até ontem foram 4 (sendo um de fora do Festival). Vamos a alguns pitacos.

Comer, Rezar, Amar

É, esse não era pelo Festival (estava sendo exibido no circuito comercial). O filme tem várias paradas com as quais me identifico: aborda a Itália, a Índia, futebol, devoção, vegetarianismo, espiritualidade, trilhazinha sonora brasileira. E tem a Júlia Roberts, né? De toda forma, achei o olhar demasiado hollywoodiano (leia-se superficial). O início do filme parece fragmentado, meio que sem sentido, mas aos poucos a história vai ficando interessante. A atuação de Júlia é convincente (pra variar) e, mesmo com o tanto de estereótipos toscos (por acaso é comum no Brasil o pai beijar o filho na boca?), vale dar uma olhada. Pra quem não sabe, esse filme deu bastante polêmica entre os torcedores da Lazio: no livro que deu origem à obra audiovisual o personagem torcia pelo clube da camisa celeste, enquanto na película o cara "virou" torcedor da Roma. Roma, justamente a maior rival da Lazio. Alguns adeptos mais exaltados sugeriram o seguinte: "coma, reze, ame, leia o livro, mas não vá ao cinema". Eu, teimoso, acabei indo. Não empolgou, mas achei que valeu. Detalhe: meiaentrada segunda-feira por R$3,50 é o que há!

José Martí: O Olho Do Canário

Inspirador! História bem contada, que flui bem, se desenrola com coerência. O diretor conseguiu adentrar no drama dos personagens de uma forma muito sensível e contar a história de um dos pilares da Revolução Cubana. Confesso que pouco - quase nada - sabia a respeito da opressão espanhola sob o povo da ilha da América Central, e a biografia de José Julián Martí Pérez me comoveu. O desfecho da história com uma das poesias de José Martí associada à imagem da cena foi absolutamente memorável. "Viva Cuba libre"! Viver por um ideal, pense nisso.

Poesia

Filme coreano que retrata a vida de uma senhora humilde, empregada doméstica e que cuida do neto sozinha. A história, ao meu ver, carece de um clímax, mas é de alta sensibilidade. A relação da senhora com o Alzheimer, a vida do neto, o trabalho que lhe dá sustento e a poesia tecem uma trama cheia de mensagens sutis. Me lembrou um pouco o filme "Mother". Esse seria o "Grandmother". Grandiosa é a atuação da atriz Yun-Jung Hee.

Lope

Na cerimônia de encerramento do Festival de Cinema do Rio, muita badalação no Cinema Odeon. Lá estava eu, quase que de penetra, sendo cumprimentado por alguns "famosos" que deveriam achar que eu também tô no ramo haha... Falando do filme, pode-se dizer que a obra cresce. Cresce absurdamente, a ponto de parecer que trata-se de uma co-produção onde os primeiros enfadonhos minutos foram de autoria de algum amador da indústria cinematográfica e, a partir de um certo momento, a obra ganha vida e toma ares de um filmaço. Recomendo que assista e dou a dica: não saia antes de terminar. Mais um daqueles filmes com um final para se guardar na memória.

Também assisti o filme israelense "O Errante" (semana passada). Esse daí achei de uma genialidade sinistra. Tão genial que foi mal compreendido pelo público. Justifica-se: quadros mal encaixados (certamente propositalmente, talvez para causar desconforto), 0 de trilha sonora (a vida real também não tem musiquinha de fundo, senhoras e senhores), seqüências demoradas de cenas (pela primeira vez pude ver um ovo ser fritado na grande tela). A realidade perturbadora do protagonista é tratada de forma seca, mostrando que o diretor Avishai Sivan veio não para ser mais um, mas para deixar a sua marca. Em tempos onde o cinema-entretenimento trás cenas em ritmo alucinante e tirando do espectador a mera possibilidade de "pensar o filme", O Errante está aí. Vá preparado para algo que escapa do comum. Ou então, nem vá.

O Errante: pessoas acostumadas com o "jeito Hollywood de ser" terão dificuldades de encarar o filme israelense.

Antes ou depois de "O Errante" (desculpem, não lembro mesmo), assisti ao filme "A Última Estação", que conta a biografia de Liev Tolstói. Como não poderia deixar de ser, o filme tem significativo viés filosófico, apoiado na mente iluminada daquele russo, que optou por um modo de vida baseado no voto de pobreza, no vegetarianismo e na castidade. É agradável o fluir do filme, mas senti que a história de Tolstói "não coube" na película de 112 minutos. Merece uma trilogia. E, se possível, com a mesma equipe que participou dessa obra.

A Última Estação: Christopher Plummer parece a própria encarnação de Tolstoi, em filme com sabor de quero mais.

domingo, 19 de setembro de 2010

Num Dia Te Pedem Crack, No Outro Te Sugerem Jesus

Saudações.

O título da postagem não tem qualquer intenção de gerar polêmica, apenas me pareceu como apropriado ao que brevemente mencionarei neste tópico. Não é um artigo, uma especulação, uma dissertação, nada disso. Somente a exposição de fatos que aconteceram comigo nos últimos dias. Então, desfrutemos desse "momento querido diário" haha...

Bem, dia 7 de setembro, terça-feira (feriado nacional, OK?), estava eu voltando para casa. Andando pela Lapa, vem até mim um sujeito forte, careca, dirigindo-se com educação etc e tal. Era uma figura ligeiramente sinistra, sobretudo se levarmos em consideração que a rua estava deserta.

Continuando. O sujeito vem até mim e eu ajo com absoluta naturalidade, cumprimentando-o (cheguei a pensar que poderia acontecer algo indesejável, mas - não pergunte-me como - mantive total serenidade). Não lembro exatamente o que eu estava vestindo, mas acho que era uma calça jeans, camisa de manga comprida e mochila nas costas. De resto, a barba largadona e essa cara que Deus me deu. Continuando (desculpe, a idéia de detalhar não é fugir do assunto, mas tentar contextualizar). Onde estava? Ah sim, na Lapa, continuando. Eis que vem o diálogo.

Sujeito: opa, tudo tranqüilo?
Eu: tudo na paz...
Sujeito: cara, desculpa te abordar assim, mas é que tô precisando de uma ajuda...
Eu: cara, tô só com o da passagem aqui...
[mochila nas costas, tava ciente que poderia dar algum caô, mas segui sereno]
Sujeito: não, cara. Não quero dinheiro, não.
Eu: então diz aí.
Sujeito: é o seguinte, vou pegar a estrada agora pra Volta Redonda. Mas, sabe como é que é [na verdade, não sei], tô precisando de umazinha... Tu sabe onde arrumo um crack?
[algo me dizia que o cara achava que eu carregava várias pedras na mochila]
Eu: cara, num sei não... de repente tu consegue ali atrás.
Sujeito: tem nada, tô vindo de lá...
Eu: num sei mesmo então... o que posso te desejar é que faça uma boa viagem e vá com Deus
[não disse exatamente isso, mas foi algo por aí]
Sujeito: valeu, desculpe qualquer coisa.
Eu: vai na paz.

Passam-se cerca de duas semanas até o dia de hoje. E, praticamente no mesmo local geográfico, por volta das 15:40h desse 19 de setembro, vem outro sujeito na minha direção. Tcharam!

Esse era de pele preta, falando um português relativamente distante da norma culta (desculpe a ponderação, é que fiz uma redação em concurso na parte da manhã e aí algumas coisas banais acabam chamando atenção). Acho que, numa fração de segundo, minha mente me transportou para o feriado da Independência, quando fui abordado pelo careca branco. Dessa vez, o assunto era outro.

O camarada segurava alguns livretinhos e uns papéizinhos retangulares e veio me falar sobre Jesus Cristo. Antes de falar a respeito do Mestre dos Mestres, o sujeito cumprimentou-me e pediu desculpas por qualquer incômodo, forçando ainda mais a lembrança do episódio supracitado. Dessa vez, nem cheguei a falar o "tô só com o da passagem". Deixei ele dizer. Bastou eu perguntar onde fica a Igreja "dele", que ele logou chamou um camarada que estava a poucos metros, dizendo: "ei, vem cá, o irmão aqui tá interessado!". E lá foi papo... Bem, não cheguei a prometer uma visita à instituição religiosa - até porque não tenho muita identificação com a Igreja Evangélica - mas foi agradabilíssimo falar de Jesus onde, dias atrás, vieram me pedir como usufruir do consumo de entorpecentes. Algo, no mínimo, curioso.

Uma pergunta que me faço é: será que tô com cara de drogado? Primeiro, o careca branco vem me pedir crack. Depois, "me apresentam" Jesus. Estava vestindo calça jeans, moleton e carregando a mesma mochila. Sem pedras, garanto.

Ah! O título do livretinho é "Perdão, Certeza E Paz". E o do folhetinho retangular (o qual li quando estava no ônibus) é "A boa semente da palavra de Deus quer encontrar uma terra boa no seu coração". Assim seja.

Abraços.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um Novo Caminho

Um Novo Caminho foi um dos filmes que estiveram no Festival de Cinema Francês, realizado em junho desse ano (veja esta e também esta postagem). Não rolou de assistí-lo na ocasião do festival, mas a sinopse e o visual do trêiler me convidaram a não desistir da empreitada e, ontem, tive a grata oportunidade de ver essa obra de Philippe Godeau.

Usando poucas palavras, cravo aqui que trata-se de um filmaço. A atuação de François Cluzet dispensa adjetivos e o filme flui no ritmo certo para passar a mensagem. E que mensagem! Deveriam disponibilizar uma cópia de Um Novo Caminho em cada bar desse planeta.

Um Novo Caminho

Direção: Philippe Godeau

Com: François Cluzet, Mélanie Thierry, Michel Vuillermoz

Título original: Le dernier pour la route

Drama - 1h47 - 2009
(Faixa etária 14 anos)

Hervé, dono de um agência de notícias, decide se livrar da dependência ao álcool. Longe de tudo e graças aos outros, consegue lutar e começar uma nova vida...

"Um filme profundamente humano (…) François Cluzet, sombrio, misterioso, tenso, irônico, deixa aflorar uma sensibilidade, uma dor, uma humildade comoventes" – Le Figaroscope.

Nosso Lar

O filme baseia-se na obra de Chico Xavier e homenageia, dignamente, o centenário de nascimento desse médium que dedicou toda a sua experiência humana em serviço do próximo. "Nosso Lar" é um dos 16 títulos desenvolvidos na parceria Chico-André Luiz e, obviamente, está vinculado à doutrina espírita. Seja você espírita, católico, budista, evangélico, Hare-Krishna, islâmico, candomblecista, ateísta ou o que quer que seja, recomendo que assista esta produção brasileira em cartaz nos cinemas desde sexta-feira.

Não é por uma questão de concordar ou discordar daquilo que é exposto, mas por se tratar de algo absolutamente plausível de ser observado. Imersos em tanta futilidade veiculada pela grande mídia, uma obra como "Nosso Lar" surge como um oásis no deserto e o fato de colocar em discussão valores espiritualistas (não necessariamente religiosos) já é algo louvável.

Para saber mais a respeito do filme, recomendo que acesse esta página. Mas o importante mesmo é que você não desencarne antes de assistí-lo. Parabéns ao diretor e roteirista Wagner de Assis e a todos os que participaram. Chico e André, onde quer que agora estejam, certamente sorriem.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Bom Descanso, Francisco Varallo!

Desde hoje, não há mais remanescentes vivos da final da Copa do Mundo de 1930. O argentino Francisco Varallo, mais jovem jogador a representar seu país naquela decisão vencida pelos uruguaios, desencarnou hoje, segundo informação de familiares e publicação de internet.

100 anos de idade, aos quais esse blógui prestou uma homenagem ao parabenizá-lo pelo aniversário centenário.

A quem interessar, clicando nos dois línquis dessa postagem pode-se ver um pouco da história de Varallo pelos gramados, segundo maior artilheiro da história do Boca Juniors.

Bom descanso, Francisco Varallo!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sobre O Debate Para Governador No Rio De Janeiro

No último parágrafo do tópico anterior havia dito a respeito do debate para o governo do estado fluminense, e cá estou para falar sucintamente sobre o que ocorreu no evento.

Da esquerda para a direita: Jeferson Moura (PSOL), Sérgio Cabral (PMDB), Sérgio Costa (mediador), Fernando Peregrino (PR) e Fernando Gabeira (PV).

Sérgio Cabral, candidato à reeleição, compareceu e foi atacado de todas as direções, tendo conseguido descolar dois direitos de resposta. Os questionamentos variavam, indo desde o fato de a primeira-dama Adriana Ancelmo ser advogada da SuperVia e do Metrô (empresas concessionárias de transporte público e alvo de seguidas críticas) até o caso de os cabos eleitorais de Cabral receberem o dobro de salário que professores da rede estadual (os militantes pagos pelo governador ganham R$1200 enquanto o piso na educação está em R$610).

Foi interessante observar que Cabral, na tentativa de se defender, acaba muitas vezes se complicando ainda mais: atacava o governo de Anthony e Rosinha Garotinho (hoje partidários de Fernando Peregrino) mas já foi a eles coligado, como lembrou o adversário do PR.

Um dos pontos altos do debate foi quando Jeferson Moura, do PSOL, chamou o "verde" Fernando Gabeira de "ex-Gabeira", estando atualmente assumindo uma posição que confronta a história política do candidato coligado ao DEM (!) e ao PSDB (!). Gabeira "se defendeu" dizendo que não é mais "um adolescente", como se estivesse arrependido das lutas que o caracterizaram. Disse também que não tem mais um "ideal socialista", pois tal fenômeno teria arruinado países como Cuba, Rússia e China (!). Jeferson Moura, na réplica, foi direto ao comentar a coligação de Gabeira: "antes só que mal acompanhado".

Quanto a propostas, pouco houve. O lado positivo é que a política educacional de Leonel Brizola, na década de 80, foi lembrada com carinho e colocada como meta por Jeferson Moura, a qual Fernandro Peregrino mostrou concordar.

Aguardemos, tem muita água pra rolar. E se propostas aparecerem, melhor.

domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre O Debate Presidencial

Estava cobrando de mim mesmo tecer algum comentário a respeito do debate realizado na quinta-feira passada, até porque nesse mesmo blógui havia dito que assistiria a ele. Como de fato assisti. Vamos então a alguns pitacos.

[1] Dilma Rousseff mostrou tamanha insegurança em suas ponderações, mas tamanha insegurança, que chegou a passar uma impressão de que estava mal preparada para debater. Pode ser que não seja apenas um despreparo para o debate mas também para governar o país. Aguardarei futuras exposições da ex-ministra da Casa Civil.

[2] José Serra, cria dos tucanos, mostrou-se seguro. As pessoas que gostam de julgar pela aparência possivelmente verão em Serra um nome forte para presidir o país. Mas, quando o governo 'entreguista' do PSDB foi questionado, Serra aparentou seguir similar linha de raciocínio de FHC ao se dizer a favor da eficiência. Prometeu reorganizar os Correios, mas saiu pela tangente - leia-se fugiu descaradamente - quando Plínio falou a respeito da 'maravilhosa matemática' do partido de Serra, que vendeu vários bens públicos para o capital privado (arrecadando cerca de 100 bilhões) e conseguiu a proeza de elevar a dívida pública em cerca de 30 bilhões.

[3] Se há um meio-termo entre direita e esquerda nessas eleições, este está encarnado em Marina Silva. Sem atacar nenhum adversário e mostrando, em alguns momentos, grande sintonia com o plano de governo petista (onde foi ministra do Meio Ambiente e era abertamente admirada por Lula), a verde fechou sua participação com uma belíssima explanação sobre um menino pobre, chamado Dado. E ela tem moral para falar disso, chegando onde chegou desafiando as restrições do sistema vigente, superando a miséria a qual estava virtualmente condenada no Acre. Falem o que quiserem, mas essa senhora tem história pra contar e servir de inspiração para muitos. Mas confesso que esperava uma Marina mais incisiva nas críticas.

[4] Plínio de Arruda Sampaio foi a sensação do debate. Deixou os 3 adversários na berlinda e enriqueceu a discussão com diversas pitadas de ironia e comentários incisivos, que mostravam claramente o posicionamento do candidato pelo PSOL. Serra "hipocondríaco" ("só fala de saúde"), Marina "conciliadora" ("não soube pedir demissão") e "políticas de quinquilharia" (sobre os 16 anos de governo PSDB/PT) foram alguns dos pontos altos do debate. É alguém que merece ser ouvido, com o dom de expôr as feridas abertas de uma nação que finge uma cicatrização enquanto o sangue escorre.

[5] Alguém ouviu os termos "transportes" ou "esportes"? Não os coloco no mesmo caráter de urgência de saúde, educação e segurança, mas cá entre nós, nem uma palinha a respeito? Sei não...

Na próxima quinta-feira, haverá debate com candidatos aos governos estaduais. Quanto ao Rio de Janeiro, lamento aqui o fato de Cyro Garcia, do PSTU, não estar relacionado. É um sujeito que mostra bastante afinidade com uma proposta revolucionária e que trata a educação da forma como ela merece. Sérgio Cabral, que tenta a reeleição, está convidadíssimo. Será que irá comparecer?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Debatam Então

Hoje, às 22h, teremos o primeiro debate televisionado para as eleições presidenciais 2010.

São nove candidatos, mas somente quatro deles estarão presentes (os outros cinco não foram chamados pois seus partidos não têm representação no Congresso, o que considero um critério pouco razoável para negar-lhes o direito de expôr suas opiniões).

É uma chance de podermos ver o que pensam - ou o que fingem que pensam - alguns dos pretendentes a representar cada um dos cidadãos brasileiros pelos próximos 4 anos. Que seja um debate proveitoso!


Acima, as candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Abaixo, os candidatos José Serra (PSDB) e Plínio Sampaio (PSOL). São esses 4 os "privilegiados" a exporem suas visões.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Máfia Amarela

Como havia dito "en passant" no tópico anterior, ontem testemunhei um episódio retornando de viagem. Episódio esse que pormenorizarei aqui.

Pois bem. Estava em frente à rodoviária Novo Rio, acompanhado de mãe, irmã, avó e um incontável número de malas - mulher é exagerada, aposto como tinha muita bagagem ali que não seria necessária de carregar, mas enfim...

Nos direcionamos para onde estavam parados os táxis, cujos veículos pertenciam a uma cooperativa xará da rodoviária. Havia uma tabela de preços indicando o valor das corridas de acordo com o destino do passageiro. Constavam o nome do bairro e os valores para B1 e B2. Não, não são os Bananas de Pijamas, e sim uma referência às bandeiras 1 e 2, de preços diferenciados.

Íamos para a Glória e os valores constantes eram de 18 e 21 reais, respectivamente. Ali já começava o abuso, mas tudo bem, o pior estava por vir. Ao colocarmos bagagens no porta-malas do veículo automotor e sentarmos nos bancos do táxi, recebemos um papel constando o número "35,00". É exatamente o que parece: aquela corrida sairia por 35 pratas. Ficamos indignados e o taxista - gostaria de saber o nome dele, mas realmente não sei - abaixou pra R$30. Oh, que gentil! Mas a tabela de bandeira 2 marcava 21 reais!

Saímos do táxi, pegamos as bagagens de volta e fomos até o local onde ficavam concentrados outros membros da máfia, próximos a tabela de preços. Perguntei a um deles se naquela data eles resolveram cobrar mais caro. E ele respondeu: "sim, porque é domingo, é feriado". Perguntei quanto eles estavam cobrando pela corrida e ninguém deu uma resposta. Falei que estavam querendo me pedir 35 reais (quase o dobro do valor para B1 e cerca de 70% mais caro que o valor para B2) e um deles concordou que não valia.

Veja você, o táxi tinha taxímetro! Aquela tabela nem deveria existir, é fora da legalidade. Como se não bastasse, ainda inventam um valor abusivamente mais elevado que o já estabelecido. Adorei a frase da minha mãe: "todo mundo tá precisando de dinheiro, mas não precisa roubar os outros para conseguí-lo".

Pegamos um táxi "na rua" e o motorista, simpático, se solidarizou e concordou que se tratava de algo absurdo, frisando a ilegalidade. Chegamos até o destino. E quanto deu a corrida? 13 reais e 80 centavos. Quase 3 vezes menos do que queriam roubar, digo, cobrar, aqueles outros lá na rodoviária.

Cuidado com a máfia amarela. Em outras localidades, ela pode estar pintada de azul, branco ou outras cores. O importante não é a tonalidade, mas sabermos lidar com ela. Pode ser turista ou residente, ela estará pronta para dar uma explorada. Merecia uma denúncia...

domingo, 1 de agosto de 2010

1 Ano De Blógui

Saudações, você que lê.

Foi assim que comecei a primeira postagem desse blógui, no dia 2 de agosto do ano passado. Até que, olhando o histórico nesse um ano de Perspectiva aberta, o número de tópicos foi razoável (57, uma média perto de 5 postagens mensais, praticamente em ritmo semanal). As 3 páginas mais acessadas desde que instalei a ferramenta Google Analytics foram:

-> Definidos Os Grupos Para A Copa 2010 (275 acessos);
-> Arquivo de Setembro de 2009 (118 clicadas);
-> Preservacionismo E Conservacionismo (97 visitas).

Tem uma coisa interessante: digitando, nesse momento, "preservacionismo e conservacionismo" (um termo bastante comum, ainda mais em tempos onde as questões ambientais ganham ressonância e repercussão internacionalmente), o tópico supracitado aparece na primeira página de pesquisa do Google (é a 7ª indicação, confira).

Bem, no exato momento estou um pouco cansado, retornando de "viagem-relâmpago" para São Paulo (entre quinta-feira e hoje, passei pela capital para rever alguns parentes e por Aparecida para cumprir algumas promessas). Porém, muito maior que o cansaço é a alegria pela viagem, que foi ótima. No retorno ao Rio de Janeiro, um episódio com uma cooperativa (leia-se máfia) de taxistas merece menção e tratarei desse caso numa outra oportunidade. Só pra constar: existe um aparelhinho chamado taxímetro e esse papo de "corrida fechada" é ilegal naquelas condições.

Por hoje é só. Abraços aos seguidores, aos leitores fiéis, aos leitores esporádicos e também àqueles que estão acessando esse blógui pela primeira vez.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Olé Na Violência, Golaço Da Ética

Havia comentado, mesmo que indiretamente, sobre a questão das touradas (tópico Civilização E Barbárie). Ontem, 28 de julho, o Parlamento da Catalunha deu uma grande notícia para a província espanhola e para o planeta como um todo: a tradicionalíssima prática que coloca os touros a mercê de lanças perfurantes será proibida a partir de janeiro de 2012 (ver matéria da BBC Brasil).
"Arte tauromáquica" ou simplesmente "tortura"? Depende da vítima, depende do agressor...

Não devemos subestimar o grande avanço que é esse que está acontecendo em território espanhol. Além dessa vitória dos direitos animais incentivar que a medida seja implementada ou pelo menos debatida em outras localidades, está mostrado ao mundo que é perfeitamente possível - e viável - revermos os valores herdados por incontáveis gerações e que perpetuamos cotidianamente sem sequer questionarmos as razões de aquilo seguir acontecendo. Um homem perfurar um touro, enlaçar um bezerro ou qualquer coisa equivalente, para o gozo inoportuno da multidão que assiste delirante, é certamente um ponto a ser observado para a construção de uma moral que pede para emergir em meio ao caos. Sermos cúmplices dessas práticas não é, definitivamente, eticamente aceitável. Felizmente, uma petição assinada por cerca de 180 mil pessoas rendeu bons frutos na Catalunha. Que sirva de exemplo!

Em tempo e em memória de José Saramago, transcrevo novamente suas sábias palavras com relação às touradas espanholas, texto que ele colocou sob o título de "Espanha Negra".
Refiro-me a essas vilas e cidades onde, por subscrição pública ou com apoio material das câmaras municipais, se adquirem touros à ganaderias para gozo e desfrute da população por ocasião das festas populares. (...) Coberto de sangue, atravessado de lado e lado por lanças, talvez queimado pelas bandarilhas de fogo que no século XVIII se usaram em Portugal, empurrado para o mar para nele perecer afogado, o touro será torturado até à morte. As criancinhas ao colo das mães batem palmas, os maridos, excitados, apalpam as excitadas esposas e, calhando, alguma que não o seja, o povo é feliz enquanto o touro tenta fugir aos seus verdugos deixando atrás de si regueiros de sangue. É atroz, é cruel, é obsceno. Mas isso que importa se Cristiano Ronaldo vai jogar pelo Real Madrid? Que importa isso num momento em que o mundo inteiro chora a morte de Michael Jackson? Que importa que uma cidade faça da tortura premeditada de um animal indefenso uma festa colectiva que se repetirá, implacável, no ano seguinte? É isto cultura? É isto civilização? Ou será antes barbárie?
Descanse em paz, filósofo! As coisas estão se acertando!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 6

Ao ouvir o som das chuvas torrenciais, as rãs saem das cavernas das montanhas e começam a coaxar, assim como os brahmacaris que cantam os hinos védicos seguindo a ordem do mestre espiritual.

Nesta era de uma civilização ateísta, os sábios das escolas religiosas mundialmente reconhecidas que acreditam em Deus devem sair de sua reclusão e pregar a ciência de Deus, o Desejo Supremo, para as pessoas em geral. Hindus, muçulmanos, cristãos e os membros de outras seitas que têm convicção e fé na autoridade de Deus não devem se manter ociosos e observar tacitamente o rápido crescimento de uma civilização ateísta. Existe o desejo supremo de Deus, e nenhuma nação ou sociedade poderá viver em paz e prosperidade sem a aceitação desta verdade vital.


O aviso já está feito, e líderes responsáveis de seitas religiosas devem se reunir e formar uma frente comum contituída por uma liga de devotos do Senhor.Não é necessário que as almas auto-realizadas vivam em um lugar isolado. Almas perfeitas e auto-realizadas, ocupadas no serviço ao Senhor, não temem maya, assim como os cidadãos que obedecem às leis do Estado jamais temem a polícia. Semelhantes devotos destemidos sempre falam cientificamente acerca da existência de Deus, mesmo sob risco de morte. Esses devotos de Deus têm compaixão da massa de pessoas, que se esqueceu por completo do Senhor Supremo e que se ocupa na falsa busca da felicidade que culmina nos prazeres dos sentidos desfrutados por porcos e cães.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Novos Tempos

Há 221 anos, a "tomada da Bastilha" sob os princípios universais de Liberté, Egalité, Fraternité marcava a Revolução Francesa.

Hoje, embora todos em sã consciência se declarem favoráveis a esses princípios, infelzimente muitos sujeitam seu modo de vida a situações que ferem liberdade, igualdade e fraternidade. Se as pessoas colocassem esses valores no topo das prioridades de sua filosofia de vida, o mundo certamente seria outro. Para todos.

Pois então, aproveitando essa atmosfera revolucionária de 14 de julho, vou citar aqui 3 fatos de conotação aparentemente banal, mas que, no mínimo, "escapam da tradição".

Carnaval no Rio de Janeiro. Geralmente, quem levanta o troféu de campeão na quarta-feira de cinzas é aquela escola mais "certinha", com evolução impecável e desfile sem dar brechas para erros técnicos. A Beija-Flor substituiu a Imperatriz nesse aspecto e, bicheiros à parte, tornou-se a papa-títulos do carnaval carioca. Mas veja você! Em 2010, o talento de Paulo Barros foi, finalmente, coroado com o campeonato. No Grupo Especial desde 2004, Barros é de longe o carnavelesco mais criativo em atividade no Rio de Janeiro e, dessa vez, sagrou-se campeão no retorno à Unidos da Tijuca.

Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Em 2007, o Botafogo ganhou um turno e o Flamengo outro. Na final, vitória flamenguista (não falarei da arbitragem porque senão o negócio vai se extender demasiadamente). Em 2008, o Botafogo ganhou um turno e o Flamengo outro. Na final, vitória flamenguista. Em 2009, blablablá e o negócio se repetiu mais uma vez. Mas veja você! Em 2010, o Botafogo ganhou o primeiro turno e foi jogar a final do segundo turno com o Flamengo. Contra os interesses da emissora que cobria o evento, o alvinegro triunfou e sagrou-se campeão sem necessidade de jogar uma nova final.

Copa do Mundo. "A Espanha é amarelona". "A Holanda sempre vem forte mas nunca chega". "Na hora da verdade, a camisa de Brasil, Itália e Alemanha ganham sozinhas". Caíram todos esses mitos numa competição só. Até os que defendem uma equipe defensivista a fim de se tornar mais competitiva terão de rever os seus conceitos. A final entre Holanda e Espanha coroou as duas equipes com maior aptidão ofensiva no Mundial 2010. Detalhe: Holanda virou o jogo pra cima do Brasil, Espanha foi imponente pra cima da Alemanha e a Itália sequer passou da primeira fase.

Moral da história: Paulo Barros campeão do carnaval, Botafogo campeão estadual e Espanha campeã mundial.

Uma revolução sem armas. Novos tempos.


"A Liberdade Guiando o Povo", por Eugène Delacroix.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Torço Pela Holanda!

É interessante, embora particularmente não me contagie, ver as pessoas fantasiadas de verde-e-amarelo. E mais: num período que não remete ao carnaval (pelo menos não no calendário).

Porém, como amante do futebol-arte e do jogo na dimensão do espetáculo e da atração, considero que o esporte mais popular do planeta tem uma dívida com a seleção holandesa. O país que revolucionou a modalidade com o conceito de "Futebol Total", levado à prática com o "Carrossel Holandês" merece mais que qualquer outro um título mundial.

Não, eu não era nascido naquela época. Mas, se estivesse encarnado naquele ano de 1974, certamente meu coração bateria diferente quando aquela Holanda jogava.

Um título nesse Mundial 2010 não substituiria, de forma alguma, a conquista que não veio 36 anos atrás. Mas seria, no mínimo, um fato que levaria o mundo da bola a recordar a gloriosa história holandesa, o que remeteria ao imortal Rinus Michels.

Nada contra a "onda patriótica" que se manifesta a cada 4 anos nas terras tupiniquins, mas não meço a brasilidade de ninguém pelo fato de torcer ou não pela seleção convocada pelo Dunga.

Tanto razão como emoção me convidam a torcer por Robben, Sneijder, van Persie e companhia. E eu, obediente, aceito o convite.

Vai, Holanda!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sangue Italiano Flui Na Veia

Como adepto do futebol arte, o "defensivista" estilo de jogo italiano não faz de mim um grande fã da Azzurra. Prefiro ver jogar a escola holandesa, a argentina, essa brilhante geração espanhola, por exemplo.

Mas, cá entre nós, hoje fiquei automaticamente arrepiado ao ouvir a execução do hino nacional italiano antes do início da estréia de Itália e Paraguai pela Copa do Mundo 2010. Acabo de perguntar para minha vó, curioso por saber qual o "galho" da árvore genealógica que mais me aproxima do "país da bota". Vovó é neta de italiano, ou seja, são 5 gerações de distância até esse que vos digita.

5 gerações? Que fique de lição: nunca subestime a força e o sentido de um arrepio!

Cannavaro e Iaquinta comemoram com De Rossi o gol italiano. Paraguaios lamentam.

Segue o hino nacional italiano. Vai treinando aí.

Fratelli d´Italia,
l´Italia s`è desta
dell´elmo di Scipio
s´è cinta la testa.
Dov´è la vittoria?
Le porga la chioma,
che schiava di Roma
Iddio la creò. Stringiamoci a coorte,
siam pronti alla morte.
Siam pronti alla morte,
l´Italia chiamò.
Stringiamoci a coorte,
siam pronti alla morte.
Siam pronti alla morte,
l´Italia chiamò, sì! Noi fummo da secoli
calpesti, derisi,
perchè non siam popoli,
perchè siam divisi.
Raccolgaci un´unica
bandiera, una speme:
di fonderci insieme
già l´ora suonò.
Uniamoci, uniamoci,
l´unione e l´amore
rivelano ai popoli
le vie del Signore.
Giuriamo far libero
il suolo natio:
uniti, per Dio,
chi vincer ci può?
Stringiamci a coorte!
Siam pronti alla morte;
Siam pronti alla morte;
Italia chiamò.
Stringiamci a coorte!
Siam pronti alla morte;
Siam pronti alla morte;
Italia chiamò, sí!
Dall'Alpe a Sicilia,
Dovunque è Legnano;
Ogn'uom di Ferruccio
Ha il core e la mano;
I bimbi d'Italia
Si chiaman Balilla;
Il suon d'ogni squilla
I Vespri suonò.
Son giunchi che piegano
Le spade vendute;
Già l'Aquila d'Austria
Le penne ha perdute.
Il sangue d'Italia
E il sangue Polacco
Bevé col Cosacco,
Ma il cor le bruciò.
Stringiamci a coorte!
Siam pronti alla morte;
Siam pronti alla morte;
Italia chiamò.
Stringiamci a coorte!
Siam pronti alla morte;
Siam pronti alla morte;
Italia chiamò, sí!

domingo, 13 de junho de 2010

Robert Green Ensina Como Preparar Um Frango

Não sou uma figura que se destaca pelos "dotes culinários", tampouco tenho grande interesse por receitas mirabolantes.

Mas ontem, assistindo ao encontro "the book is on the table" entre Inglaterra e Estados Unidos da América, pela primeira rodada da Copa do Mundo 2010, o goleiro Robert Green, do West Ham United e da seleção inglesa, ensinou para o mundo, em segundos, como se preparar um frango.

Veja a seguir o passo a passo.

E com a vantagem de que esse frango não financia a exploração animal, dispensa uso de confinamento e abate cruel. Mas, aviso, não deve ser nada fácil de digerir e pode custar 2 pontos.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Terminou O Festival, Mas Começou A Copa

Assisti a 7 filmes no Festival de Cinema Francês, que exibiu 10 obras em 9 cidades brasileiras, entre os dias 2 e 10 de junho de 2010. Uma maravilha ver o grande nível do cinema da França na atualidade e muito gostoso poder assistir a debates com os atores, vê-los de perto etc. Ficou um sabor de "quero mais", além daquele desejo de aprender o idioma local. Os 3 filmes que ainda não assisti estão na minha lista, espero vê-los o quanto antes.

Comentarei, brevemente, os dois filmes que assisti anteontem. Ontem iria assistir mais um, mas o trânsito caótico me obrigou a mudar os planos e acabei tendo que me contentar em ver o "show de abertura" da Copa do Mundo (e nem deu tempo de ficar pra ver a Shakira...).

O Dia Da Saia
História muito, mas muito, mas muito bem proposta. O filme narra o dia de uma professora que experiencia a violência e o mau comportamento dentro de uma escola pública francesa. O desenrolar dos fatos impressiona, onde o diretor consegue a proeza de conciliar o trágico ao cômico, arrancado suspiros de tensão e risos de graça numa obra que reserva um final sensacional, muito profundo.

O Refúgio
Filme que acompanha a gravidez de uma mãe bonita, com conforto financeiro, mas que tem como principal adversidade na sua vida o fato de ser viciada em drogas. A história flui com ares melancólicos e tem uma transmutação quando a protagonista passa a se aproximar do irmão de seu falecido parceiro amoroso, pai da criança que carrega no ventre. Nasce uma relação interessante entre eles e o final do filme sugere uma reflexão bastante admirável no assunto "maternidade".

Merci beaucoup, França! Au revoir, amigos! Aller au cinéma!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Festival De Cinema Francês

Está rolando desde o dia 2 e irá até o próximo dia 10 o festival de cinema francês, presente em 9 capitais brasileiras. Tive a oportunidade de saborear 5 filmes desse festival e planejo ver mais (se possível, todos).

Vou aqui comentar brevemente sobre os filmes que assisti até o momento. E fica a dica: vá ao cinema!

Coco Chanel & Igor Stravinsky

Bom filme, que mostra como as emoções vividas pelas pessoas influenciam diretamente nos seus respectivos trabalhos. Stravinsky direcionava para suas composições uma genialidade que era moldada pelos seus sentimentos cotidianos. Um dos grandes momentos do filme é quando a esposa (traída) de Igor demonstra ter ciência do romance de seu marido com a estilista Coco Chanel, dizendo: “vejo muito mais paixão na sua música”. Quem não se apaixonaria pela música de Stravinsky? Ou pela beleza de Anna Mouglalis?

Hadewijch

A atuação da protagonista é algo de outro mundo. Se formos levar em consideração que é o primeiro papel cinematográfico da atriz Julie Sokolowski, chega a ser espantoso o quão convincente é o desempenho dela. O filme segue um ritmo que permite um diálogo entre diretor/espectador. E, quando parece que temos certeza do que vai sair dessa conversa, Hadewijch surpreende e emociona com um desfecho belíssimo. De altíssima sensibilidade narrativa, faço questão de colocar o nome de Bruno Dumont entre os grandes diretores da atualidade.

Faça-me Feliz

Comédia gostosa (sem fazer trocadilho com a bela atriz Frédérique Bel) e que flui muito bem. É verdade que a seqüência em que o protagonista está na festa na casa da filha do presidente lembre muito o filme “Um Convidado Bem Trapalhão” (com o lendário Peter Sellers), mas isso não tira a originalidade da obra de Emmanuel Mouret.

O Profeta


Filme muito bem dirigido, com atuação irrepreensível de Tahar Rahim e um roteiro que tira o fôlego e perturba. Certamente causará ainda muita polêmica. No cinema onde assisti (Unibanco Artelplex), a classificação etária estava como 12 anos. Absurdo. O próprio gerente do cinema reconheceu o erro e aumentará para 16 anos (“bondade” dele, era pra pelo menos 18). Aliás, se você tiver 20, 30, 40 ou o que for, só assista se for forte. A obra de Jacques Audiard é de deslocar da poltrona do cinema.

Oceanos

Assista-o. A abordagem sobre os oceanos é perfeita. A partir da exibição desse filme, você verá que qualquer obra sobre os mares pode ser qualificada como AO e DO – Antes de Oceanos e Depois de Oceanos. Tiro o meu chapéu para os diretores Jacques Perrin e Jacques Cluzaud.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ele Apenas Queria Comer

Saudações a cada indivíduo que faz essa leitura nesse momento.

Hoje aconteceu um fato que achei interessante relatar aqui. É verdade que tomei como hábito nesse blógui de postar os fatos de um determinado mês agrupados numa espécie de "balanço mensal", mas temo acontecer de esquecer-me disso que ocorreu algumas horas atrás e omitir algo que acho pertinente compartilhar com você(s). Sem mais delongas, vamos ao fato.

Acordei por volta das 6h, talvez meu recorde nesse ano de 2010. Havia combinado de levar o material para minha irmã fazer a aula de Música, que começaria às 8h. Como meus movimentos são meio lerdos de manhã, acordei com antecedência de duas horas para diminuir os riscos de atraso. Levantei, bebi um copo com água, separei o dito material, mexi no computador (etapa que me consumiu mais tempo) e fui andando para o destino (caminhada de uns 2 ou 3km, não conferi). Cheguei lás às 7:40h e logo depois chegaram mamãe e irmã. Tudo no esquema, etc e tal, minha mãe combinou de esperar pela minha irmã até que a aula acabasse. Então, fui pra rua tomar um açaí. Cheguei ao estabelecimento, pedi 500mL do precioso alimento, paguei os R$3,70 e fui aguardar no balcão de atendimento para que fosse processada a bendita e saborosa fruta.

Eis que surge um indivíduo provavelmente mendicante. Vestindo roupas aparentemente sujas, com um visual despojado, mas sem transmitir qualquer odor desagradável e portando-se civilizadamente, foi presenteado por um outro cliente com um pastel. O sujeito entrou no estabelecimento direcionando-se com a notinha para o balcão de atendimento. O mesmo procedimento que adotei segundos atrás e que a maioria dos clientes - senão sua totalidade - adotaria. Mas ele tinha aparência de mendigo, morador de rua. Unicamente por esse motivo, surge uma figura que aparentava ser o dono do estabelecimento e o obrigou a sair do local onde se encontrava. Nesse momento, o camarada que havia presenteado o ser-humano em extrema carência material interviu, já engrossando a voz:

- Não faz isso com ele não, eu paguei pra ele!

Ao que respondeu o suposto dono do estabelecimento:

- Não vamos criar confusão aqui não, ele come lá fora.

Não me contive em ser mero espectador e mandei o seguinte:

- Ele é tão cliente quanto a gente.

Veja você, em momento algum apelei para direitos humanos. Talvez fosse inclusive um pastel de carne e aí seria cabível apelar para os direitos animais. Apenas ressaltei que ele era tão cliente quanto qualquer um que pagasse pelo produto pedido.

Esse episódio - o qual lamento profundamente - muito me lembrou a excelente estréia do programa "A Liga", da Rede Bandeirantes de Televisão. Nesse programa, jornalistas "disfarçaram-se" de mendigos para experienciar um dia "na pele" desses tantos indivíduos anônimos - para não dizer invisíveis mesmo - que estão por todas as partes desse país.

Quero pedir a você, que por acaso tenha um negócio com fins lucrativos ou que trabalhe para alguém que gerencie algo dessa natureza, o seguinte. Olhe "o outro" como um ser vivente, capaz de experienciar alegria, prazer, dor, sofrimento. Talvez isso o convença de veganizar o estabelecimento, mas a proposta inicialmente nem é essa. É simplesmente que não aconteça episódios como esse que testemunhei hoje. Ou, do alto da minha inocência, apenas eu acho que aquele indivíduo de baixo poder aquisitivo é tão sujeito de direitos quanto eu? Reitero: ele estava pagando pelo que iria consumir.

Já vi em portas de estabelecimentos cartazes com dizeres do tipo "proibida a entrada de quaisquer animais". Não vou me alongar muito no quanto essa frase é absurda, pois, biologicamente, os seres humanos são todos eles animais. Só seria compreensível caso fosse um estabelecimento 100% robotizado, o que não era o caso. Torço para que não me depare, qualquer dia desses, com algo como "proibida a entrada de mendigos". Se bem que, infelizmente, isso na prática já ocorre.

Fraternais abraços.

P.S.: quanto ao desfecho do episódio, não fiquei pra ver. Preferi pegar o açaí e levá-lo para outro lugar, tomando-o pelo caminho.

sábado, 1 de maio de 2010

Balanço De Abril

Instalei o Google Analytics dia 1º e, com essa ferramenta, pude dar uma conferida nos acessos a esse blógui. Foram 118 visitas no mês, número que achei interessante (arredonda aí pra 4 visitas diárias, uma a cada 6 horas). Em homenagem à estatística que diz que a média é de 1 minuto e 20 segundos por acesso, tentarei digitar pouco o bastante para que você, estimado internauta, consiga desfrutar de tudo em meros 80 segundos.

Bom, vocês devem ter percebido que falo menos de futebol nesse espaço. Não! Meu interesse pelo esporte mais popular do Brasil e do mundo não diminuiu! É que, também no dia 1º de abril - não é mentira - abri um blógui pra tratar exclusivamente disso: www. jogadadefeito.blogspot.com.

Rolaram, em abril, algumas coisas maneiras. Por exemplo, voltei a andar de báiqui (e com o pneu traseiro um tanto vazio, prometo calibrá-lo na próxima empreitada ciclística), vi alguns bons filmes no cinema, sobrevivi são e salvo (redundância, eu sei) às fortes intempéries climáticas que contemplaram o Rio de Janeiro, esse tipo de coisa. Mas, o principal, o mais vibrante, foi o título do Botafogo no domingo 18! Aí você diz, em tom de queixa: "pô, tu não bolou um blógui pra falar de futebol? Vá tratar disso lá!". Mas é que aqui me dou maior liberdade de ser menos imparcial, tudo bem pra você? É campeão! É campeão! É campeão!

Blablablá, imagens valem mais que milhares de palavras.


Antes de entrar no estádio e já rolando a festa no intervalo.


Pode soltar o grito: "É campeão! É campeão! É campeão!".

Hoje, 1º de maio de 2010, completo 3 anos de vegano - veganismo intencional, pois considero que a prática nessa filosofia de vida esteja em constante construção, sobretudo se observarmos o fato de pagarmos impostos a um governo que financia a atividade pecuária, por exemplo. Não disse nem 1 nem 2, mas 3 anos no veganismo! E estou vivo, acredita? Pois é, um estilo de vida que boicote a exploração animal não é uma mera utopia. É plenamente possível, viável e o mais importante: é a escolha moralmente correta a fazermos. Aliás, se alguém quiser saber mais sobre veganismo, aproveite a internet e consulte. Vou parar a postagem por aqui para respeitar aqueles 80 segundos. Mas, prometo, caso alguém manifeste vontade de saber mais a respeito, volto a falar nesse tema. Pra mim, um prazer.