quinta-feira, 29 de abril de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 5

A noite da estação chuvosa é totalmente escura em todo o derredor. Não se vêem as estrelas cintilantes no firmamento nem a Lua confortante. Tudo fica coberto pelas nuvens. Os vaga-lumes insignificantes tornam-se preeminentes na ausência dos astros luminosos no céu aberto.

Assim como existem mudanças de estação dentro de um ano, existem também diferentes eras durante o período de manifestação deste cosmos. Estas eras sucessivas são denominadas yugas, ou períodos. Assim como existem três modos da natureza, existem várias eras predominadas por estes três modos. O período predominado pelo modo da bondade chama-se Satya-yuga, o período da paixão chama-se Treta-yuga, o período da paixão misturada com a ignorância chama-se Dvapara-yuga, e o período da escuridão e ignorância (o último período) chama-se Kali-yuga, ou a era das "desavenças". Kali-yuga é comparada à estação chuvosa visto que muitas dificuldades da vida são experimentadas durante esta estação úmida.

Na Kali-yuga existe uma falta de orientação adequada. À noite, podemos nos orientar pelas estrelas e pela Lua, mas na estação chuvosa a luz orientadora provém de vaga-lumes insignificantes. A verdadeira luz da vida é o conhecimento védico. O Bhagavad-gita afirma que o propósito de se estudar os Vedas é conhecer a onipotente Personalidade de Deus.

sarvasya caham hrdi sannivisto
mattah smrtir jnanam apohanam ca
vedais ca sarvair aham vedyo
vedanta-krd veda-vid eva caham

"Eu estou sentado nos corações de todos, e é de Mim que vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento. Através de todos os Vedas, é a Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o compilador do Vedanta, e sou aquele que conhece os Vedas" (Bg. 15.15).

Porém, nesta era de desavenças existem discórdias até mesmo sobre a existência de Deus. Na civilização ateísta da era das desavenças há inúmeras sociedades, comunidades e seitas religiosas, a maioria das quais tenta eliminar Deus da religião. Os vaga-lumes procuram tornar-se preeminentes na ausência do Sol e das estrelas, e estes pequenos grupos que seguem várias concepções religiosas são como vaga-lumes tentando ser preeminentes diante dos olhos da massa de gente ignorante. Existe atualmente um grande número de pseudo-encarnações que as pessoas seguem sem a sanção das escrituras védicas, e existe competição regular entre o grupo de uma encarnação e o de outra.

O conhecimento védico, obedecendo a uma tradição, advém do mestre espiritual através da corrente de sucessão discipular, e deve-se adquirir o conhecimento por intermédio dessa corrente, sem quaisquer desvios. Na atual era das desavenças, a corrente tem sido quebrada de quando em quando, e assim os Vedas são agora interpretados por homens desautorizados que não têm nenhuma realização. Os falsos seguidores dos Vedas negam a existência de Deus, assim como na escuridão de uma noite nublada os vaga-lumes negam a existência da Lua e das estrelas. Pessoas mais sensatas não devem cair na emboscada desses homens inescrupulosos. O Bhagavad-gita é o resumo de todo o conhecimento védico porque foi falado pela própria Personalidade de Deus que revelou esse conhecimento ao coração de Brahma, o primeiro ser criado do Universo. O Srimad-Bhagavatam foi falado sobretudo para a orientação das pessoas desta era, a qual está coberta pela nuvem da ignorância.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Será Que Vale?

Recentemente a companhia Vale do Rio Doce, presidida pelo (bilionário empresário) botafoguense Eike Batista, fechou uma parceria com o Botafogo de Futebol e Regatas no âmbito dos esportes olímpicos. Equipes de atletismo alvinegras chamar-se-ão, pelo menos inicialmente, "Equipe Brasil Vale Ouro", em referência ao empreendedor.

Mas será que a Vale presta? Noutras palavras, será que a Vale... vale?

Tratando-se de uma companhia - outrora estatal, mas privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso, do qual José Serra é partidário - com sérios envolvimentos com degradação socioambiental, é bom refletirmos bem e não nos deixarmos levar simplesmente pelas propagandas altamente carismáticas que pela companhia é veiculada.

A seguir, texto estraído de http://atingidospelavale.wordpress.com/.



Na manhã do hoje (12/4), um outdoor bem diferente passou a ocupar espaço na Avenida Presidente Vargas, uma das mais movimentadas da capital carioca. Nele, uma mensagem provocativa: “trabalhadores explorados, famílias despejadas, natureza destruída. Isso vale?”. Para nós, que integramos I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, a resposta é não.

Essa contrapropaganda faz frente à visão massivamente veiculada pela empresa, que mostra funcionários sorridentes, trabalhando a serviço do “progresso” do país. Mas esse progresso serve a quem? É promovido a custo de quê?

Até o dia 15/4, organizações e movimentos sociais e sindicais, comunidades e populações de diversas partes do mundo permanecem reunidas para trocar experiências e vivências. Além de brasileiros de diversas partes do país, o encontro também conta com a presença de pessoas do Canadá, Chile, Argentina, Nova Caledônia, Indonésia, Peru e Moçambique. Todos têm em comum a vontade de protestar e propor alternativas ao atual modelo de desenvolvimento.

Hoje à tarde, os integrantes das Caravanas se unem aos pescadores e moradores do entorno da Baía de Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. A região sofre com a degradação socioambiental e o desrespeito aos diretos humanos provocados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), uma parceria entre a alemã ThyssenKrupp e a Vale.

sábado, 3 de abril de 2010

A Páscoa Pro Coelho

Quatro dias santificados pela Igreja Católica. Um período historicamente marcante, onde um ser absolutamente iluminado (Jesus) passou por momentos adversos mas manteve-se triunfante sempre. Culminou com o advento da ressurreição, simbolizado no calendário cristão pelo domingo de Páscoa.

Pois é, mas o fundamentalismo econômico trata de desvirtuar as coisas, parecendo que trata-se do aniversário do coelho, assim como o Natal leva a crer ser uma data comemorativa para o Papai Noel.

Por falar em coelhos - uma espécie que por sinal não bota ovo - como será a Páscoa para os coelhos? Como são tratadas essas criaturas?

Abaixo, texto extraído de http://www.ddapelotas.blogspot.com/.



No Brasil, o objetivo principal da criação de coelhos é a produção da carne; entretanto, existe um montante considerável do subproduto pele que, ao ser aproveitado, representa uma renda complementar e evita o problema de descarte. Outros subprodutos como o cérebro, sangue, patas, orelhas e esterco são igualmente passíveis de ser utilizados, podendo, inclusive, ser considerados uma alternativa econômica da exploração da cunicultura e não o é por falta de informação.

O processo de abate engloba algumas etapas, como atordoamento, sangria, esfola e evisceração.

Quando o criador visa ao aproveitamento da pele, deverá ter alguns cuidados para obter um produto de boa qualidade, sem manchas, falhas ou gorduras. Sendo assim, apesar de a etapa da sangria ter vários métodos, é aconselhável adotar o método da extração do olho em que o subproduto se apresentará com menos manchas de sangue.

Trechos extraídos do "MANUAL DE UTILIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS DE COELHOS", disponível em http://www.editora.ufla.br/BolExtensao/pdfBE/bol_89.pdf


Portanto, cabe refletirmos se temos alguma coisa a ver com essa história toda.

E, se temos, como devemos agir?

Abraços pascoais. E viva a vida!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 4

Depois que caem chuvas pesadas, os campos e as florestas, em todas as direções, ficam verdes e saudáveis. Assim, eles se assemelham a um homem que se submeteu a rigorosas austeridades visando a algum ganho material e que alcançou seu objetivo, pois tal homem é forte, saudável e de boa aparência.

A folhagem da estação das chuvas não passa de um espetáculo temporário. Apesar de parecer muito agradável, devemos lembrar que não durará muito. De forma semelhante, há pessoas que se submetem a rigorosas austeridades visando a algum ganho material, mas aqueles que são equilibrados evitam isto. Austeridades rigorosas em troca de ganhos temporários não passam de um desperdício de tempo e energia. A perda e o ganho materiais são destinados de acordo com a formação de cada corpo específico. Existem 8.400.000 espécies de vida, e cada espécie de corpo está destinada a desfrutar e a sofrer de acordo com sua formação específica. Os desfrutes e sofrimentos corpóreos do filho de um homem rico são diferentes daqueles do filho de um homem pobre. Embora não nos submetamos a rigorosas austeridades para obter aflição, ela vem a nós sem ter sido chamada. Analogamente, a felicidade a que estamos destinados virá a nós, mesmo que não a tenhamos desejado.

Mesmo que consigamos evitar a aflição e desfrutar artificialmente alguma felicidade material por meio de realizações temporárias, isto não representa nenhum ganho real na vida. Nosso dever é atingir felicidade permanente e vida eterna, e é apenas com esse fim - visando ao ganho último - que devemos nos submeter a todo tipo de penitências e austeridades.

É possível atingir este ganho último sob a forma de vida humana. A felicidade permanente torna-se possível quando nos libertamos das fontes materiais de felicidades, pois a continuação do cativeiro material quer dizer continuação das três classes de misérias. A vida humana tem por objetivo dar fim a estas misérias.

Não devemos procurar ser belos como as flores ou a folhagem que florescem na estação das chuvas, mas murcham no inverno. Ficar animado com as nuvens da ignorância no céu e desfrutar a visão da folhagem temporária não é de forma alguma desejável. Devemos tentar viver no céu claro e ilimitado, inundado com os raios do sol e da lua. É isso o que realmente desejamos. Uma vida de liberdade em eternidade, em completo conhecimento e numa atmosfera de bem-aventurança é desejo íntimo de toda alma iluminada. Devemo-nos submeter a todo tipo de penitências e austeridades para alcançar essa fonte permanente de felicidade.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Balanço De Março

Cinemas, jogos, chuvas, moedas, show... esse mês de março foi que foi.

Assisti "Um Olhar Do Paraíso", "Ilha Do Medo", "Educação" e "Como Treinar O Seu Dragão". Quatro bons filmes, cada um à sua proposta.

Dia 3 fui ao Maracanã, arrastado por dois urubus, assistir Flamengo e Madureira. Partida horrorosa dentro de campo e público presente em números bisonhos: o clube da "maior torcida do mundo" levou pouco mais de duas mil pessoas a pagarem ingresso para vê-lo jogar. E eu, um mané por completo, era uma delas.

Dia 5 foi aniversário de mamãe, parabéns pra ela! (:

Dia 6 a chapa esquentou aqui em casa. Aliás, a chapa molhou - e como molhou - aqui em casa. Um plástico localizado (de forma suspeita) na calha fez com que a chuvarada que caiu dos céus entrasse pelo sóton e improvisasse um chuveiro em pleno corredor do segundo andar de onde moro. Foi muito sinistro, a casa ficou mais de uma semana com aquele cheiro de água impregnado (sim, água tem cheiro).


É o que parece: água caindo pelo teto.

Dia 9, um camarada e eu estabelecemos um novo recorde de troca de moedas por cédulas. Fomos a uma franquia do Mega Matte com centenas de moedas (valores de 50 centavos e 1 real), totalizando R$307,50. Foi o passatempo da noite da funcionária do caixa, que mantinha na face uma expressão de grande satisfação por estar renovando incrivelmente o seu estoque de troco. De nada.

Dia 14, Fogão e Olaria no Engenhão. Se na semana anterior havia pego chuva dentro de casa, dessa vez o banho foi na minha segunda casa. Caíram águas torrenciais e o estádio chegou a ficar às escuras por queda de energia. Não entendo uma parada: se a nossa matriz energética vem das hidro-elétricas, havendo muita hidro, como pode faltar a elétrica? O fato é que nem pude voltar de ônibus pra casa, pois o ponto tinha virado uma piscina - o piscinão do Engenhão. No meio de tanta água, sobrou pro telefone celular. Ele já vinha se comportando de forma suspeita, e depois desse episódio pediu arrêgo legal. Mas, no dia seguinte, como de forma sobrenatural, ele voltou a funcionar. Não é lá um funcionamento pleno (ele passou a estar "carregando" mesmo fora da tomada), mas é espantosa a resistência do aparelho.

Acabou o papo de chuva? Nada. Dois dias depois do jogo de pólo aquático na grama do Engenhão, São Pedro voltou a me contemplar com os seus serviços meteorológicos. As cadelas e eu, dando uma humilde volta no Maracanã, recebemos um dilúvio pra lavar até a alma. Elas podem se sacudir e espirrar água pra tudo que é lado, mas e eu?

Mas tranqüilo. A gente vivencia essas paradas numa boa. O "problema" está na interpretação, não na coisa em si. E, realmente, não havia problema nenhum. Estava por vir era algo maravilhoso: o show de Franz Ferdinand, na Fundição Progresso. Faltam-me adjetivos pra qualificar aquilo que testemunhei à altura do que o show merece. Vou me limitar a dizer que foi absolutamente Franztástico.


Momento em que o vocalista Alex Kapranos voa para a galera: fechando com chave-de-ouro.

Franz Ferdinand [20mar2010] Rio De Janeiro from 3DURLZ on Vimeo.



Na última segunda-feira, Armando Nogueira despediu-se do corpo físico. É uma figura que me faz lembrar de vovô, não apenas por ambos terem trabalhado juntos ou por ambos serem jornalistas ou por ambos amarem futebol e entenderem desse esporte como poucos. Acho que o que me faz recordar é o conjunto dessas características somados à simplicidade e singeleza com que expõem suas opiniões, engrandecendo o mais banal dos acontecimentos, como por exemplo um gol numa partida de futebol. Como colocou Chico Alencar através do Twitter:
'A morte não é o fim do mundo: quem morre muda, e quem muda melhora'. Do Armando Nogueira, que partiu hoje, no 1º dia da Semana Santa.
Vai ver todas as águas de março, fechando o verão, anunciavam a despedida desse poeta das crônicas esportivas.