sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Luz Do Bhagavata - Verso 26

O Senhor desfrutava na companhia do Senhor Baladeva e dos outros vaqueirinhos, e às vezes sentava-Se com eles na mesma pedra. Juntos, eles comiam alimentos simples como arroz, dhal, vegetais, pão e coalhada, que tinham trazido de suas casas e que compartilhavam em intercâmbios amigáveis.

No Bhagavad-gita o Senhor expressou seu desejo de aceitar frutas, flores, folhas e água de Seus devotos quando oferecidas a Ele com afeição devocional. O Senhor pode comer toda e qualquer coisa, porque tudo não passa de uma transformação de Sua própria energia. Porém, quando surge a questão de se Lhe oferecer algo, os oferecimentos devem estar dentro da classe de alimentos que o Senhor exigiu. Não podemos oferecer ao Senhor algo que Ele não tenha pedido. Não se pode oferecer à Personalidade de Deus, Sri Krsna, nada que esteja fora da classe de comestíveis saudáveis como arroz, dahl, trigo, vegetais, leite, preparações lácteas e açúcar. Em Jagannatha Puri esses alimentos são oferecidos ao Senhor, e em todas as escrituras os mesmíssimos alimentos são mencionados em toda a parte.

O Senhor nunca está com fome, nem precisa de comida alguma para encher Seu estômago vazio. Ele é completo em Si mesmo. Entretanto, devido à Sua misericórdia, Ele sempre come os alimentos oferecidos com afeição sincera por Seus devotos. Os vaqueirinhos trouxeram alimentos simples de casa, e o Senhor, que é servido constantemente por centenas de milhares de deusas da fortuna, fica sempre alegre de aceitar tais alimentos simples de Seus amigos devotos. Todos os parentes do Senhor são apenas Seus devotos, e estão situados em diferentes sentimentos transcendentais como amigos, pais e amantes. O Senhor sente prazer transcendental em aceitar os serviços de Suas diversas classes de devotos, que estão situados em diversas classes de rasas. Essas rasas transcendentais refletem-se de maneira pervertida na atmosfera material. Assim, o ser vivo espiritual, devido apenas à ignorância, busca em vão a mesma bem-aventurança na matéria.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Festival De Cinema Francês 2012


Vamos aqui fazer breves considerações sobre os filmes assistidos, mais ou menos nos mesmos moldes de como analisamos ano passado e retrasado. Dessa vez, tive a felicidade de, durante os dezesseis dias de festival, assistir 14 dos 17 filmes exibidos (a grande maioria deles de altíssimo nível). Que venha a edição 2013. E viva o cinema francês!

E Agora, Aonde Vamos?
Vamos falar aqui de um filme maravilhoso. Ousado, trata de um tema delicado como o confilto entre cristãos e muçulmanos mesclando drama e comédia (e vice-versa). Prima pela sensibilidade na narração dos acontecimentos, sendo capaz de proporcionar risos e lágrimas. Ou seja, sucesso completo a obra assinada por Nadine Labaki. Imperdível.

O Barco Da Esperança

Retratando a realidade de uma travessia oceânica perigosa que parte de uma faminta África para um suposto paraíso europeu, O Barco Da Esperança navega por águas que conduzem o espectador a momentos de angústia e alívio. O diretor Moussa Touré conseguiu cumprir a proposta, mostrando ao mundo algo que não costuma aparecer nos noticiários.

Uma Garrafa No Mar De Gaza
Com o poder de debater sob uma ótica diferenciada a já banalizada guerra entre palestinos e israelenses em Gaza e adjacências, o filme consegue mergulhar no drama de uma família de cada lado "do muro". Com um roteiro muito bem amarrado, o desenrolar da história vai prendendo a atenção de um espectador que acaba se vendo condenado a torcer para que o encontro entre a bela Tal e o tal "Gazaman" aconteça. Surpreendente, o filme guarda o clímax para o final. Ou para depois dele.

A Filha Do Pai
Tinha todo o enredo para ser mais uma história de amor proibido daquelas que estamos cansados de assistir. Mas não. Eis um filme que capricha em cada sequência, em cada diálogo, em cada proposta de reflexão, fluindo num ritmo precisamente adequado para que a obra dialogue com o espectador da melhor maneira possível. Fiquei fã de Daniel Auteil, que deu aula de direção e de atuação. E também da bela Astrid Berges-Frisbey, protagonista que encanta e convence em sua interpretação. Vida longa a essa dupla!

Adeus Berthe Ou O Enterro Da Vovó
Como comédia, o filme funciona relativamente bem, com boas sacadas. Mas, no contexto geral, acaba deixando a impressão de que faltou (ou sobrou) alguma coisa para deixar a história melhor amarrada. Pode ser que o filme seja melhor do que a mim pareceu, mas assistí-lo depois dos dois filmes que tinha acabado de assistir talvez tenha pesado contra, pois definitivamente este não se encontra no mesmo nível daqueles anteriores.

Paris-Manhattan
A história cativa pela simplicidade, com a relação entre a protagonista e Woody Allen sendo um tempero especial que possibilita alguns risos e muitas reflexões. Embora tenha saído da sessão com a sensação de que alguma coisa não encaixou bem no filme, o agradável desenrolar da história e a própria personalidade de Alice (Alice Taglioni) compensam qualquer eventual falha.

Aqui Embaixo
Poderia indicar esse filme simplesmente pela espetacular atuação de Céline Sallette, irrepreensível na pele de Irmã Luce. Não bastasse isso, há que se enaltecer que a história (real) dessa religiosa foi um achado cinematográfico, tratada de maneira brilhante pelo diretor Jean-Pierre Denis. Filmaço.

Um Evento Feliz
A maternidade é tratada de maneira tão real que o filme parece conseguir a proeza de fazer o espectador se sentir um pouco mãe - no meu caso, foi perturbador "encarar" as cenas do parto, e naquele momento dava graças a Deus de ter nascido homem. As reflexões da protagonista e a química do casal principal são dois pontos fortes numa obra que abusa do poder de passar as emoções vividas pelos personagens.

Americano
Tinha tudo para ser um filme comum, mas, como num toque de mágica, a história ganha força e o que temos é um final arrebatador, daqueles para serem guardados na memória. Mas o nome disso não é mágica, não: é a ótima direção de Mathieu Demy.

O Monge 
Suspense com "S" maiúsculo, pra fazer acelerar os batimentos cardíacos, prender a respiração, arrancar o fôlego. Daqueles filmes que acompanham nossos pensamentos pra muito além do final da sessão, fazendo-nos (re)pensar muitas condições da existência humana. Com o perdão do trocadilho, a atuação de Vincent Cassel está impecável.

Abaixo, filmes assistidos durante o período de Repescagem.

Intocáveis
A obra dirigida por Olivier Nakache e Eric Toledano é conduzida de maneira magistral. Isso se deve não somente à exímia direção, mas também às ótimas músicas e, talvez principalmente, às irrepreensíveis atuações de François Cluzet e Omar Sy. Ao mesmo tempo cômico e comovente, este é daqueles filmes para rir muito e refletir bastante.

Polissia
Com cara de longa-metragem e alma de documentário, Polissia é um filme necessário. Pelo tema que aborda, já não há como ignorá-lo. E como se não bastasse a ousadia na narrativa, há um outro mérito exaltável na obra de Maiwenn (diretora e atriz): o de conseguir mergulhar no drama de praticamente todos os personagens que aparecem no filme, mesmo que presentes por apenas alguns segundos. O desfecho é exuberante, pra emocionar de tão perturbador e genial.


Alyah
No retrato da vida de Alex (Pio Marmai vai muito bem no papel, auxiliado pela atuação convincente de Cédric Kahn), o jovem de 27 anos que leva uma vida sem grandes projetos e aspirações acaba contagiando o próprio filme em si, que também acaba por parecer uma obra despretensiosa. Talvez esse seja justamente seu grande atrativo, embora, mesmo entre tantos encontros e desencontros, a história careça de emoção.


A Vida Vai Melhorar
Realista até dizer chega, o filme ilustra de maneira simples e direta aquilo que deve fazer parte do cotidiano da maioria dos seres humanos que vivem nas cidades: sonhos e poder aquistivo em grandezas inversamente proporcionais. Guillaume Canet brilha na pele do protagonista (o cozinheiro Yann) e, amparado pela ótima direção de Cédric Kahn, carrega o filme no colo.