domingo, 5 de fevereiro de 2012

Luz Do Bhagavata - Verso 19

O grou posta-se à margem de um lago, que é sempre perturbado pela correnteza, pela lama e pelas pedras. O grou é como o chefe de família que é importunado no recesso de seu lar, mas que, devido ao apego excessivo, não deseja mudar de posição.

A vida esquecida da alma condicionada no seio da família é um escuro poço matador da alma. É esta a opinião de Sri Prahlada Maharaja, um célebre devoto do Senhor. Almas auto-realizadas jamais estimulam o apego excessivo ao lar e à família. Portanto, o período de vida humana deve ser dividido metodicamente.

A primeira fase chama-se brahmacarya-asrama, ou a ordem de vida da infância, onde o estudante é treinado para lograr a meta última da vida. A fase seguinte é o grhastha-asrama, no qual o homem é treinado para entrar na Transcendência. A seguir vem o vanaprastha-asrama, a fase preliminar da vida renunciada. A última fase recomendada é a ordem de sannyasa, ou a ordem de vida renunciada. Dessa maneira a pessoa aceita um processo gradual de atividades espirituais para lograr a meta última da liberação.

Infelizmente, em virtude da carência de suficiente cultura espiritual, ninguém deseja abandonar a vida familiar, muito embora ela seja cheia de aguilhoadas e lama. E aqueles que são muito apegados, a despeito das aguilhoadas da vida familiar lamacenta, assemelham-se aos grous que postam-se à margem do rio em troca de algum gozo dos sentidos apesar de todas as inconveniências lá existentes. Devemos sempre lembrar que a sociedade, amor e amizade que esperamos desfrutar na vida familiar são apenas representações sombrias da verdadeira sociedade, amor e amizade reciprocados no reino de Deus. Não existe realidade na vida condicionada da existência material, porém, devido à nossa ignorância estamos apegados à miragem. A concepção de sociedade, amor e amizade não é de modo algum falsa, mas o lugar onde a procuramos é falso. Temos de abandonar esta posição falsa e elevarmo-nos à realidade. Esse deve ser o objetivo da vida, e esse é o resultado de se cultivar o espírito humano.

Lamentavelmente, devido à falta dessa cultura, o homem materialista permanece agarrado a este falso lugar a despeito de todas as conturbações. Diz-se que o homem deve abandonar a ordem de vida familiar aos cinqüenta anos. Mas nesta era de ignorância mesmo um homem idoso deseja rejuvenescer nas funções corpóreas, colocar dentes artificiais e agir como se fosse um jovem, mesmo à beira da morte. Sobretudo os políticos, semelhantes a grous, são excessivamente apegados ao falso prestígio decorrente de sua posição e classe, e assim sempre buscam ser reeleitos, mesmo no decadente fim da vida. Estes são alguns sintomas de uma vida inculta.

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