domingo, 7 de fevereiro de 2010

Samba Da Vila 2010 - Uma Obra-Prima!

Saudações, você que lê.

Essa atual postagem se faz presente para comentar sobre os sambas de enredo 2010. Há alguns bons sambas na atual safra, outros nem tanto, porém há um especificamente que achei maravilhoso: o da Unidos de Vila Isabel, de composição de Martinho da Vila.

Vamos lá, um por um, analisar brevemente o que cada escola trás pra nós.

Acadêmicos do Salgueiro. Com um enredo sobre literatura, o samba do Salgueiro novamente não é grandes coisas, mas já é melhor que o do ano passado (vale dizer que ano passado "o tambor da Academia" faturou, com méritos, o campeonato). Tem alguns bons momentos melódicos, mas em momento algum me senti empolgado com o samba desse ano.

Beija-Flor. Homenageando o meio século de Brasília, a escola nilopolitana fez mais uma vez um samba interessante, com um refrão forte ("sou candango, calango e Beija-Flor! / traçando o destino ainda criança / a luz da alvorada anuncia! / Brasília capital da esperança") e sendo interpretado pelo inconfundível Neguinho da Beija-Flor. Com esse samba, a grana do patrocínio da terra do Palácio do Planalto e a reconhecida sapiência em fazer carnavais, a Beija vem que vem.

Portela. Já não sou lá um grande admirador da Portela (pra não dizer que simplesmente não gosto da agremiação), e se por um lado vem com um enredo original - falando de inclusão digital - o fato é que o samba não é grandes coisas. Talvez funcione na avenida, tem uma melodia gostosa, mas a letra parece repetitiva.

Unidos de Vila Isabel. Uma obra-prima! De muita sensibilidade a composição de Martinho, de muita sabedoria a iniciativa da escola em fazer enredo o centenário de nascimento de Noel Rosa, um sujeito cuja trajetória se confunde com a história do bairro que abriga a quadra da escola. Vamos à letra!

Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu

Seus sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel

Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele a bordel
Mas sei que está presente
Com a gente neste laurel

Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais

(Foi um grande!)

Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou
Ô ô ô
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a Dama do Cabaré não dançou

Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Araci e os Tangarás
Lamartine, Ismael e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel

Tem a energia da nossa Vila Isabel

Quer sentir um pouco dessa vibração? 3 línquis pra você então, diretamente do ensaio técnico realizado pela escola, no dia 3 de fevereiro => 1, 2 e 3.

Acadêmicos do
Grande Rio. Faça-me o favor! Cantar "o camarote número 1"? Na moral, esses patrocínios no carnaval estão fazendo um desserviço à qualidade dos enredos e das composições musicais. A cervejaria deve ter injetado muita cevada, digo, muita grana nos cofres duque caxienses, e o samba só não ficou trágico porque o gogó de Wantuir é mágico. Na avenida, contarão também com a sempre competente bateria de Mestre Ciça, que estréia na escola que tinha seus ritmistas comandados por Mestre Odilon. De repente o estrago será pequeno.
..

Estação Primeira de Mangueira. Bom samba, como de hábito na verde-e-rosa. Gostoso de se ouvir, cumpre o seu papel, mas não o vejo figurando entre os melhores do ano.

Imperatriz Leopoldinense. Interpretado por Dominguinhos do Estácio - que bom vê-lo e ouví-lo de volta no Grupo Especial! - o samba da escola tem uma conotação emotiva, honrando o enredo que fala sobre a fé. Acredito que possa proporcionar bons momentos na Sapucaí.

Unidos do Viradouro. Cantando as culturas mexicanas e contando com a voz de Wander Pires, o samba da Viradouro pode até não ser grandes coisas - e não é - mas tem energia. A última escola que cantou "arriba" sagrou-se campeã (Vila 2006), mas não acho que a Vira 2010 tenha esse gás...

Unidos da Tijuca. "É segredo!" É Paulo Barros! O genial carnavalesco trouxe uma temática bem ao seu estilo: cheia de mistérios e criatividade. O samba, infelizmente, não corresponde à grandeza dos seus desfiles, mas se for bem conduzido por Bruno Ribas e cantado com vontade pela comunidade do Borel, o resultado será promissor.

Unidos do Porto da Pedra. A escola vem falando de moda, é f... O samba tem algumas boas passagens, uma ou outra rima interessante, mas com um enredo desse a tarefa não é fácil...

Mocidade Independente. Samba fácil de se cantar, enredo fácil de se entender, o que não tá fácil é vermos a reestruturação e retomada da verde-e-branco de Padre Miguel ao seu lugar de direito: as primeiras posições do carnaval. O samba desse ano tem bastante "pegada", lembrando o de 2008, que curiosamente teve como carnavalesco o mesmo Cid Carvalho, que está de volta à escola. E, depois de uma década, quem também volta à Mocidade é David do Pandeiro, intérprete do samba.

União da Ilha. Outro belo samba desse ano vem da Ilha do Governador. Letra bonita, boa melodia, andamento agradável. Ultimamente a primeira escola a desfilar vem sendo rebaixada ao Grupo de Acesso. Nesse ano, a Ilha - recém-promovida ao Especial - abre os desfiles. E, com esse samba falando de Dom Quixote De La Mancha e contando com o talento de Rosa Magalhães, talvez tenhamos uma mudança naquele cenário.

Que venham os desfiles!

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