quarta-feira, 13 de outubro de 2010

14:53h, 28ºC

O relógio digital situado no estádio Jornalista Mário Filho, vulgo Maracanã, apontava esse horário e essa temperatura. Enquanto isso, lá estávamos Gaia, Samadhi e eu a andar em torno do "maior do mundo" (hoje um canteiro de obras gigantesco). Ao fato.

Num determinado momento, as cadelas começaram a tentar me puxar pro lado. Era exatamente na direção onde passava um sujeito andando com um copo de sorvete. Trouxe as coleiras mais pra perto e seguimos em frente.

Eis que o camarada olha pra elas e, de alguma forma, toma a iniciativa de oferecer-lhes um pouco de sorvete! Nunca havia visto isso antes, ainda mais na rua, sem "conhecer" a pessoa. Acha que acabou? Está apenas começando...

Ele: aê, elas podem tomar um pouco desse sorvete? Eu abaixo o copo...
Eu: pô, acho melhor não, é capaz delas avançarem...
Ele: ah! Então eu coloco um pouco aqui [apontando pro chão] pra elas.
Eu: beleza, cara!

Nesse momento, o sujeito pega uma colherada generosa de sorvete, se abaixa e sacode a colher generosamente para que o sorvete caísse no chão. E lá foi a Samadhi devorar, sem deixar nada pra Gaia.

Ele: a outra não tomou, vou botar mais.
Eu: demorô.

Nesse momento, segurei a Samadhi e lá foi a Gaia abocanhar o sorvete.

Eu: ó a alegria delas...
Ele: se amarram, né?
Eu: pô, valeu aí...
Ele: valeu!

E lá foi ele andando, tomando o resto do sorvete, gentil e espontaneamente compartilhado.

Nunca vi nada dessa natureza antes. Coisas assim, aparentemente banais, me fazem ter esperança na espécie humana, mesmo diante de uma sociedade que nos enche de motivos para temermos o futuro que se aproxima. Isso faz diferença.

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