quinta-feira, 24 de maio de 2012

Luz Do Bhagavata - Verso 23

As vacas que seguiam o Senhor dentro da floresta movimentavam-se vagarosamente por causa de seus pesados úberes cheios de leite. Mas quando o Senhor as chamava por seus nomes elas imediatamente ficavam alertas, e enquanto se apressavam em direção a Ele suas tetas derramavam leite no chão devido à afeição pelo Senhor.

Compreende-se através de escrituras tais como o Brahma-samhita que na morada espiritual do Senhor as casas são feitas de pedra filosofal e as árvores são todas árvores-dos-desejos. Lá, o Senhor costuma apascentar milhares e milhares de kamadhenus (vacas capazes de suprir ilimitada quantidade de leite). E todas as casas, árvores e vacas são qualitativamente não-diferentes do Senhor. O Senhor e Sua parafernália na morada espiritual são idênticos em qualidade, embora, para o prazer do Senhor, existam diferenças. No mundo material, também temos uma diversidade de parafernália para os prazeres de nossa vida, contudo, porque toda esta parafernália é feita de matéria, ela é, afinal, perecível. No céu espiritual, existem as mesmíssimas variedades de prazer, mas todas elas são destinadas ao Senhor. Lá, apenas o Senhor é o desfrutador e beneficiário supremo, e todos os demais são desfrutados por Ele. O Senhor é servido por todas as classes de servos, e tanto o amo quanto os servos são da mesma qualidade. Esta variedade espiritual é exibida pelo Senhor quando Ele desce em Vrndavana, e assim temos conhecimento de que o Senhor desce com Seu cortejo pessoal de vacas, vaqueirinhos e vaquerinhas, todos os quais são tão somente expansões espirituais do Senhor para o Seu próprio prazer. Dessa maneira, ao serem chamadas pelo Senhor, as vacas ficaram dominadas pela afeição e prazer, assim como o seio de uma mãe verte leite quando a criança chora por ele.

Todos nós, seres vivos, somos expansões diferenciadas do Senhor. Porém, nossa afeição pelo Senhor está latente em nós, artificialmente coberta pela qualidade material da ignorância. A cultura espiritual tem como propósito reviver esta afeição natural do ser vivo pelo Senhor. Os ingredientes do fogo já estão presentes num palito de fósforo, e basta apenas um leve atrito para acender o fogo. De igual modo, nossa afeição natural pelo Senhor tem de ser revivida através de um pouco de cultura. Sobretudo, devemos receber o conhecimento acerca do Senhor com um coração purificado.

Para lograr a compreensão espiritual, deve-se purificar o coração e conhecer as coisas na sua perspectiva verdadeira. Tão logo alguém faça isto, o fluxo de sua afeição natural começa a fluir em direção ao Senhor, e com o progresso desse fluxo a pessoa torna-se cada vez mais auto-realizada nos vários relacionamentos com o Senhor. O Senhor é o centro de toda a afeição de todos os seres vivos, os quais são todos suas partes integrantes. Quando o fluxo da afeição natural pelo Senhor fica obstruído pelo desejo de imitar Seu domínio, diz-se que a pessoa está em maya, ou seja, ilusão. Maya não tem existência substancial, mas enquanto suas alucionações prosseguirem, sentir-se-á sua influência. O Senhor, por Sua misericórdia imotivada, exibe a realidade da vida de modo que nossas alucinações possam ser completamente dissipadas.

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