terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Que Democracia É Essa?

No Brasil, o voto é obrigatório. Chamam isso de "festa da democracia". Não é um direito, uma opção, uma escolha. É um dever.

As eleições acontecem nos anos pares, sendo realizadas no primeiro domingo de outubro (primeiro turno) e no último domingo do mesmo mês (segundo turno, quando necessário).

No dia primeiro de janeiro do ano seguinte, isto é, cerca de três meses depois do certame eleitoral, acontece a posse dos "escolhidos". Entre aspas porque nem sempre estes são os mais votados - existe um tal de coeficiente eleitoral no meio do caminho entre o eleitor e a urna eletrônica.

De toda forma, na suposta festa da suposta democracia, agendada para o primeiro dia do ano ímpar (caso de 2013), eis que são barrados na porta da Câmara Municipal... os eleitores! Sim, aqueles mesmos que eram saudados calorosamente pelos então candidatos, agora são figuras dispensáveis.

Quando um segurança pergunta para você se você vai "se manifestar ou assistir" para impedir ou liberar o acesso, como se fosse uma senha-não-secreta, estamos falando em democracia? Quem, num ambiente democrático, tem o poder ou mesmo o direito de proibir um cidadão de bem a assistir (ou se manifestar, por que não?) a cerimônia dos recém-empossados?

Se todo poder emana do povo e é o povo aquele que não tem acesso ao ambiente onde são tomadas as decisões, então não estamos falando do mesmo regime de governo. E talvez pior do que tiranos, déspotas e ditadores, que têm rosto, nome e sobrenome, é essa alguma coisa em que vivemos. Essa tem vários semblantes, diversas facetas e recebe o nome de democracia. Deve ser nome de fantasia.

No Rio de Janeiro, a militância em defesa da Aldeia Maracanã (antigo Museu do Índio), reivindica o tombamento de um prédio histórico a fim de preservar a manifestação legítima da cultura indigenista naquele território. O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e aquilo que vem se chamando de "base aliada" (maioria da bancada na Câmara de Vereadores) prefere a idéia de transformar o local em estacionamento. Algo absolutamente contrário ao interesse da população e que afronta qualquer bom senso. Argumenta-se que a demolição do prédio será para atender recomendações da FIFA para a Copa do Mundo 2014. Acontece que a própria FIFA desmentiu essa informação, afirmando ser favorável à manutenção daquele espaço como centro cultural indígena. Alguém mente nessa história. E o povo, na festa da democracia, parece não ter direito a voz. Voz. Porque o voto, esse não é um direito. Esse é um dever.

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