sexta-feira, 2 de abril de 2010

Luz Do Bhagavata - Verso 4

Depois que caem chuvas pesadas, os campos e as florestas, em todas as direções, ficam verdes e saudáveis. Assim, eles se assemelham a um homem que se submeteu a rigorosas austeridades visando a algum ganho material e que alcançou seu objetivo, pois tal homem é forte, saudável e de boa aparência.

A folhagem da estação das chuvas não passa de um espetáculo temporário. Apesar de parecer muito agradável, devemos lembrar que não durará muito. De forma semelhante, há pessoas que se submetem a rigorosas austeridades visando a algum ganho material, mas aqueles que são equilibrados evitam isto. Austeridades rigorosas em troca de ganhos temporários não passam de um desperdício de tempo e energia. A perda e o ganho materiais são destinados de acordo com a formação de cada corpo específico. Existem 8.400.000 espécies de vida, e cada espécie de corpo está destinada a desfrutar e a sofrer de acordo com sua formação específica. Os desfrutes e sofrimentos corpóreos do filho de um homem rico são diferentes daqueles do filho de um homem pobre. Embora não nos submetamos a rigorosas austeridades para obter aflição, ela vem a nós sem ter sido chamada. Analogamente, a felicidade a que estamos destinados virá a nós, mesmo que não a tenhamos desejado.

Mesmo que consigamos evitar a aflição e desfrutar artificialmente alguma felicidade material por meio de realizações temporárias, isto não representa nenhum ganho real na vida. Nosso dever é atingir felicidade permanente e vida eterna, e é apenas com esse fim - visando ao ganho último - que devemos nos submeter a todo tipo de penitências e austeridades.

É possível atingir este ganho último sob a forma de vida humana. A felicidade permanente torna-se possível quando nos libertamos das fontes materiais de felicidades, pois a continuação do cativeiro material quer dizer continuação das três classes de misérias. A vida humana tem por objetivo dar fim a estas misérias.

Não devemos procurar ser belos como as flores ou a folhagem que florescem na estação das chuvas, mas murcham no inverno. Ficar animado com as nuvens da ignorância no céu e desfrutar a visão da folhagem temporária não é de forma alguma desejável. Devemos tentar viver no céu claro e ilimitado, inundado com os raios do sol e da lua. É isso o que realmente desejamos. Uma vida de liberdade em eternidade, em completo conhecimento e numa atmosfera de bem-aventurança é desejo íntimo de toda alma iluminada. Devemo-nos submeter a todo tipo de penitências e austeridades para alcançar essa fonte permanente de felicidade.

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