domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre O Debate Presidencial

Estava cobrando de mim mesmo tecer algum comentário a respeito do debate realizado na quinta-feira passada, até porque nesse mesmo blógui havia dito que assistiria a ele. Como de fato assisti. Vamos então a alguns pitacos.

[1] Dilma Rousseff mostrou tamanha insegurança em suas ponderações, mas tamanha insegurança, que chegou a passar uma impressão de que estava mal preparada para debater. Pode ser que não seja apenas um despreparo para o debate mas também para governar o país. Aguardarei futuras exposições da ex-ministra da Casa Civil.

[2] José Serra, cria dos tucanos, mostrou-se seguro. As pessoas que gostam de julgar pela aparência possivelmente verão em Serra um nome forte para presidir o país. Mas, quando o governo 'entreguista' do PSDB foi questionado, Serra aparentou seguir similar linha de raciocínio de FHC ao se dizer a favor da eficiência. Prometeu reorganizar os Correios, mas saiu pela tangente - leia-se fugiu descaradamente - quando Plínio falou a respeito da 'maravilhosa matemática' do partido de Serra, que vendeu vários bens públicos para o capital privado (arrecadando cerca de 100 bilhões) e conseguiu a proeza de elevar a dívida pública em cerca de 30 bilhões.

[3] Se há um meio-termo entre direita e esquerda nessas eleições, este está encarnado em Marina Silva. Sem atacar nenhum adversário e mostrando, em alguns momentos, grande sintonia com o plano de governo petista (onde foi ministra do Meio Ambiente e era abertamente admirada por Lula), a verde fechou sua participação com uma belíssima explanação sobre um menino pobre, chamado Dado. E ela tem moral para falar disso, chegando onde chegou desafiando as restrições do sistema vigente, superando a miséria a qual estava virtualmente condenada no Acre. Falem o que quiserem, mas essa senhora tem história pra contar e servir de inspiração para muitos. Mas confesso que esperava uma Marina mais incisiva nas críticas.

[4] Plínio de Arruda Sampaio foi a sensação do debate. Deixou os 3 adversários na berlinda e enriqueceu a discussão com diversas pitadas de ironia e comentários incisivos, que mostravam claramente o posicionamento do candidato pelo PSOL. Serra "hipocondríaco" ("só fala de saúde"), Marina "conciliadora" ("não soube pedir demissão") e "políticas de quinquilharia" (sobre os 16 anos de governo PSDB/PT) foram alguns dos pontos altos do debate. É alguém que merece ser ouvido, com o dom de expôr as feridas abertas de uma nação que finge uma cicatrização enquanto o sangue escorre.

[5] Alguém ouviu os termos "transportes" ou "esportes"? Não os coloco no mesmo caráter de urgência de saúde, educação e segurança, mas cá entre nós, nem uma palinha a respeito? Sei não...

Na próxima quinta-feira, haverá debate com candidatos aos governos estaduais. Quanto ao Rio de Janeiro, lamento aqui o fato de Cyro Garcia, do PSTU, não estar relacionado. É um sujeito que mostra bastante afinidade com uma proposta revolucionária e que trata a educação da forma como ela merece. Sérgio Cabral, que tenta a reeleição, está convidadíssimo. Será que irá comparecer?

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