sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Purgatório Da Beleza E Do Caos

Mais uma vez, veja só, o Rio de Janeiro é notícia internacionalmente.

Alguns me perguntaram (meses atrás, antes do pleito eleitoral) a respeito das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), implementada na gestão do atual governador, reeleito mês passado. Minhas respostas costumavam ser reticentes: 'isso está estranho', 'esse negócio está esquisito'. E aconteceu. Para alegria do senhor governador Sérgio Cabral, aconteceu depois das eleições. Mas, para tristeza e medo da população carioca, aconteceu. Após desterritorializarem o narcotráfico em 14 favelas escolhidas, os indivíduos economicamente prejudicados (leia-se narcotraficantes) reagiram. E, pela primeira vez na história dessa cidade, vê-se uma união da criminalidade: nesse momento, não importa a facção às quais os narcotraficantes "pertencem", nesse momento a UPP desses indivíduos significa "Unidos Pelo Pó".

Apoiadas pela grande mídia e aplaudidas por grande parte da população residente, as ações das forças policiais prometem o máximo de ostensividade, seguindo a estratégia do enfrentamento e alimentando a lamentável estatística de ser essa polícia - a do Rio de Janeiro - a que mais mata e a que mais morre no mundo.

Não sei quanto tempo durará essa empreitada. A "cidade maravilhosa" está, na data dessa postagem, no 6º dia de ações/reações armadas. A certeza que guardo é a de que nenhuma mazela social será totalmente desfeita sem que se reduzam drasticamente as desigualdades.

Agora é hora - como sempre é - de colocarmos a mão na consciência e auto-refletirmos o seguinte: "até que ponto estou envolvido nisso?". Poderia responder a essa indagação estendendo o tópico em mais um ou outro parágrafo, mas a idéia é que você responda por si próprio. Até porque, talvez, as respostas possam ser diferentes. Até que ponto estamos envolvidos nisso?

Em tempo, uma sugestão de leitura: "São Sebastião ainda olha por nós e algumas considerações".

Abraços.

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