quinta-feira, 25 de março de 2010

Ilha Do Medo

Havia assistido o trêiler desse "Ilha Do Medo" e quando vi que ali estavam o diretor Martin Scorsese e o ator Leonardo DiCaprio, de imediato me veio em mente que os dois trabalharam juntos num filmaço chamado "O Aviador". Passados alguns dias, vovó disse-me ter gostado muito desse mais recente trabalho das duas feras, e outras duas ou três pessoas afirmaram também terem gostado do que viram. Pra dar aquele "empurrão final" ao cinema, um camarada ligou-me hoje afirmando que o filme é bom pra... pra... enfim, ele disse uma palavra de sete letras que denota que o filme é demasiado bom. Então, hoje à tarde, lá fomos mamãe e eu ver qual é.

E trata-se, de fato, de um filmaço. Daqueles filmes que ficam na sua cabeça, te fazendo repensar o desenrolar da história, te "perturbando" (no melhor sentido do termo, se é que o termo chega a ser apropriado), te fazendo pensar e ter dúvidas quanto à tudo aquilo que você acabara de ver. O filme terminou há mais de duas horas, e ainda está vivo, muito vivo.

Se você não o assistiu e tem a idade mínima recomendada pela censura, encaminhe-se para uma sala de cinema e saboreie a obra. Faça isso e interrompa a leitura disso que estou digitando. Vou compartilhar com vocês - de preferência que já tenham assistido - como interpretei o filme. Exatamente, como interpretei. Scorsese foi tão brilhante no desenvolvimento e no desencadear dos acontecimentos que deixa o espectador na dúvida sobre o que efetivamente era "a verdade" naquilo tudo. E isso torna o filme ainda mais especial e instigante.

Abaixo, a "ficha técnica" do filme.
Ilha do Medo
Título original: (Shutter Island)
Lançamento: 2010 (EUA)
Direção: Martin Scorsese
Atores: Leonardo DiCaprio , Mark Ruffalo , Ben Kingsley , Emily Mortimer , Michelle Williams
Suração: 148 min
Gênero: Suspense
Status: em cartaz
Repito: se você ainda não assistiu, termine a leitura aqui. Se possível, volte depois de assistí-lo.

Bom, agora que só ficaram os leitores que já assistiram o filme, vamos em frente, rumo à uma interpretação possível do filme "Ilha Do Medo".

O agente federal Teddy Daniels (Leo DiCaprio), inteligentíssimo, acaba se metendo numa encrenca. Encrenca essa que ocupa basicamente a totalidade das quase duas horas e meia de filme. Encrenca essa que é na melhor das intenções, na tentativa de desvendar um mistério desafiador e de fazer justiça com o assassino de sua mulher. Isso mesmo, na minha opinião Teddy de forma alguma matou sua mulher. Quem quer que você cogite essa hipótese é o sagaz diretor Scorsese - além, é claro, da junta psiquiátrica altamente mafiosa que toma conta da ilha.

Pois bem. O filme teve a audácia de denunciar os tratamentos psiquiátricos que fazem uso de cobaias involuntárias, isto é, que de nenhuma forma consentem em oferecer seus cérebros para a satisfação de interesses alheios. Teddy não apenas discorda disso tudo, mas quer provar que aquilo de fato ocorre no perímetro da ilha. Mas como fazê-lo se, lá dentro, as pessoas querem levá-lo a pensar que ele mesmo enlouqueceu, sendo mais um paciente a ser tratado? Sinistro, muito sinistro. Ao meu ver, o filme tem algumas cenas-chave. [1] O bilhete "run" que uma paciente deu ao agente federal (sem que o "seu parceiro" pudesse observar); [2] a aparição de uma falsa Rachel Solando; [3] o diálogo arrebatador com George Noyce; e [4] a conversa "esclarecedora" na caverna, com a verdadeira Rachel Solando. Tudo isso junto me parecem as pilastras de sustentação de um filme onde não há uma única fagulha colocada em falso. Nem a de Andrew Laeddis.

O fato desse filme me fazer postar pra falar sobre ele e de me fazer sair da sala de cinema cheio de dúvidas - felizmente, tive a sorte de assistir com alguém que argumentou de uma maneira que corroborou minhas (pseudo)convicções - indicam que, mais do que valer o ingresso, é um filme para se guardar na memória. Ou mesmo para se ver novamente.

Parabéns, Scorsese, DiCaprio e a todos envolvidos nessa obra-de-arte cinematográfica.

Filmaço.

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