terça-feira, 18 de agosto de 2009

Prótese Para Quem Precisa


Saudações, você que aí está.

10 anos atrás, então com 38 de idade, uma elefanta chamada Motola teve a infelicidade de pisar em uma mina terrestre encravada num campo de conflitos entre humanos, próximo a fronteira entre Mianmar (antiga Brimânia) e Tailândia. Como resultado, acabou sofrendo a amputação de uma perna (a dianteira esquerda).

Mas como será a vida de um elefante na Tailândia?

Bom, as coisas não são nada boas para essa espécie naquele país. Diz-se que, um século atrás, haviam 100.000 elefantes na Tailândia, dos quais metade estava condenada a arrastar toras de madeira e carregar mercadorias. Hoje há cerca de 3.000 elefantes "domesticados" e um número ainda menor levando uma "vida selvagem". Com a destruição crescente do habitat desses mamíferos, a situação pode se agravar: 3/4 da cobertura florestal do país já foram devastadas para fins humanos. Como se não fosse o bastante, elefantes são alvos do turismo tailandês e prestam serviços forçados de entretenimento aos homo sapiens sapiens.

Motola, ilustrada nesse tópico, acidentou-se no campo minado pois estava trabalhando - não me perguntem para quem e muito menos porque, apenas entenda que a arrogância humana subjuga os não-humanos a mera ferramenta para satisfação de seus interesses particulares.

Motola tornou-se símbolo
da luta pela preservação dos elefantes, mobilizando defensores dos direitos animais ao redor do mundo. Foram diversas intervenções cirúrgicas que culminaram na prótese da perna amputada, possibilitando que a fêmea voltasse a andar, após uma década.

Registro aqui os parabéns a todos que se empenharam na recuperação dessa fêmea, superando a banalização do "sacrifício", opção da lei do menor esforço. Quando um cavaleiro - aquele indivíduo humano que monta ao cavalo - cai do cavalo e ambos sofrem uma lesão, o que acontece? Resposta: o cavalo é "sacrificado" enqüanto o cavaleiro é contemplado com uma cadeira de rodas. Alguém já ouviu falar em "sacrifício" de cavaleiro?
Ou em cadeira de rodas para cavalo? Pois é...

Espero sinceramente que esta elefanta possa caminhar em liberdade, sem prestar qualquer serviço a ninguém, vivendo de acordo com os seus próprios propósitos existenciais, de competência exclusiva do ser elefante, inalienável a exploração de qualquer outra espécie.

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