quinta-feira, 18 de março de 2010

Internacionalização Da Amazônia E Nacionalização Do Petróleo

A exemplo do planeta Terra como um todo em tempos de aquecimento global, a chapa esquentou na política brasileira. A aprovação, pela Câmara dos Deputados, para a Emenda Íbsen, deverá causar grandes prejuízos financeiros aos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo (estimativa do deputado tucano Otávio Leite aponta para uma diminuição na arrecadação de 5 bilhões para 100 milhões de reais no RJ). A polêmica proposta de redistribuir por todo o território nacional os royalties do petróleo extraído em áres juridicamente pertencentes aos dois estados supracitados (ES e RJ) se fundamenta no argumento democrático de que 'é preciso usar o petróleo brasileiro para promover justiça social e reduzir desequilíbrios regionais'. Lindo, não é verdade?

Então, para mergulharmos de cabeça na idéia - e nem precisamos ir até a profundidade da zona do pré-sal -, que tal se também democratizarmos outras "riquezas naturais brasileiras"? Os minérios de ferro, por exemplo. Afinal, podemos usar o minério brasileiro para promover justiça social e reduzir desequilíbrios regionais, não é verdade?

Em pleno ano de eleições presidenciais e de governos estaduais, caso os ilustres senadores concordem com a redistribuição dos royalties, o presidente Lula terá de decidir se fica ao lado dos 25 estados beneficiados pela emenda ou dos 2 estados produtores. Vale colocar que o governo Lula chegou a defender uma distribuição igualitária dos royalties, mas voltou atrás após receber pressão dos estados produtores, passando a defender um tratamento diferenciado para essas administrações. O forte apelo eleitoral dessa polêmica toda aponta um potencial desgaste tanto para a situação quanto para a oposição. E, cada um a seu jeito, o fato é que nenhum presidenciável mostrou-se contundentemente favorável a uma coisa ou a outra. Atritos com as esferas estaduais é tudo o que eles não querem a essa altura do campeonato...

Se você, que leu (bravamente) o texto até a presente linha, ainda não entendeu a relação proposta no título dessa postagem ("Internacionalização Da Amazônia E Nacionalização Do Petróleo"), explicarei agora.

É de interesse internacional que se faça um manejo global das florestas amazônicas, sob o argumento de que trata-se de um 'patrimônio da humanidade'. E, uma governança global para algo que é 'um bem comum' é uma coisa linda, não é verdade? Afinal, é do interesse de todos que a floresta seja tratada com prudência ambiental e promova maior qualidade de vida para os habitantes de um planeta que clama por medidas de sustentabilidade, visando o próprio futuro comum da humanidade.

Então, para adentrarmos de cabeça na idéia
- e nem precisamos ir até a mais remota árvore amazônica -, que tal se também democratizarmos outras "riquezas naturais internacionais"? O Vale do Silício estadunidense, por exemplo. Afinal, podemos usar o silício estadunidense para promover maior qualidade de vida para os habitantes de um planeta que clama por medidas de sustentabilidade, não é verdade?

Internacionalização da Amazônia e nacionalização do petróleo. Duas questões atuais, polêmicas e que, se analisarmos com cuidado, apresentam grandes semelhanças. Vamos socializar, sim, mas de preferência aquilo "que não seja meu" - uma pseudosocialização.

Quem está disposto a abrir mão de algo visando o 'bem comum'? Você está? Então, mãos à obra!

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